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Vereadora Tatiana Medeiros é denunciada à Justiça; crimes somam 500 anos de prisão

O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou, nesta segunda-feira (12), uma denúncia formal contra a vereadora Tatiana Teixeira Medeiros (PSB) e outras oito pessoas, acusadas de integrar uma organização criminosa voltada à manipulação das eleições de 2024. A ação, conduzida pelo promotor João Batista de Castro Filho, da 98ª Zona Eleitoral de Teresina, é resultado da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada após uma extensa investigação policial.

Entre os crimes imputados ao grupo estão corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica e a formação de organização criminosa. Segundo o MP, os denunciados atuavam com estrutura organizada, funções bem definidas e estabilidade interna, com o objetivo de fraudar o processo eleitoral.

Organização criminosa e funções específicas

A denúncia descreve um esquema sofisticado e com forte articulação. Entre os principais denunciados, estão:

  • Tatiana Medeiros, vereadora de Teresina, que responde por 103 casos de corrupção eleitoral e 12 de peculato, além de outros crimes, podendo enfrentar mais de 500 anos de prisão, caso condenada com base nas penas máximas.

  • Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora e apontado como liderança de parte do esquema, é acusado de 52 atos de corrupção eleitoral, usura, lavagem de dinheiro e violação do sigilo do voto. Ele também teria vínculos com uma facção criminosa atuante no estado.

  • Stênio Ferreira Santos, padrasto de Tatiana, é investigado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita e envolvimento em desvios de recursos públicos via a Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI).

Também foram denunciados Maria Odélia Medeiros (mãe da vereadora e presidente de uma ONG), Emanuelly Melo, Bianca Medeiros, Lucas Sena, Bruna Sousa e Sávio França, todos por participação direta ou indireta na organização.

ONG era usada para aliciamento de eleitores

O núcleo das fraudes, segundo o MPE, girava em torno do Instituto Vamos Juntos, organização não-governamental presidida por Maria Odélia Medeiros. Criada para fins sociais e culturais, a entidade foi usada como fachada para aliciamento de eleitores. Cestas básicas, promessas de emprego e outros benefícios eram oferecidos em troca de votos.

A denúncia revela que a ONG cadastrava eleitores de forma irregular, exigindo número do título eleitoral, zona e seção de votação. Além disso, o volume de recursos movimentados pela instituição cresceu 1.180,39% no ano eleitoral, incluindo transferências suspeitas, como R$ 201 mil repassados ao padrasto da vereadora, supostamente para financiar a campanha.

Esquema de “rachadinhas” e desvio de salários na ALEPI

Outro ponto grave da denúncia é a prática de “rachadinha”. De acordo com o promotor, Stênio Santos, que ocupava cargo na Assembleia Legislativa, repassava parte do salário para a vereadora, caracterizando desvio de recursos públicos.

Financiamento da campanha com dinheiro ilícito

As investigações também apontam que Alandilson Passos teria utilizado recursos ilícitos para financiar a campanha de Tatiana. Interceptações telefônicas autorizadas judicialmente revelaram diálogos comprometedores. Em uma das conversas, ele menciona a venda de uma Land Rover para quitar dívidas eleitorais, além de afirmar que “com a eleição de Tatiana, teria uma vereadora na Câmara para ajudar”.

A denúncia agora será apreciada pelo Judiciário, que decidirá se aceita a acusação e abre ação penal contra os envolvidos. O caso pode ter desdobramentos graves para o cenário político de Teresina.