PL cancela filiação de Bolsonaro marcada para 22 de novembro
O Partido Liberal (PL) anunciou, neste domingo (14/11), que a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à sigla, prevista para 22 de novembro, foi cancelada.
De acordo com o documento, o cancelamento foi decidido em “comum acordo” entre membros do partido e o presidente Jair Bolsonaro, “após intensa troca de mensagens na madrugada deste domingo”.
“Decidimos, de comum acordo, pelo adiamento da anunciada cerimônia de filiação. Portanto, a data de 22 de novembro foi cancelada, não havendo, ainda, uma nova data para o compromisso de filiação”, consta no documento.
“Casamento atrasado”
O partido divulgou o comunicado após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o “casamento” com a legenda poderia atrasar. A declaração foi dada neste domingo, durante participação do mandatário brasileiro na Dubai Air Show, considerada uma das principais feiras da indústria aeroespacial no mundo, nos Emirados Árabes Unidos.
“Só vale depois que eu assinar embaixo. Enquanto eu não assinar, não vale. Você quer saber a data que vai nascer a criança, e eu nem casei ainda, pô”, disse o mandatário neste domingo.
O chefe do Executivo federal afirmou que o discurso do partido precisa estar alinhado com o dele, para construir um “projeto de Brasil”. De acordo com o titular do Palácio do Planalto, ainda há “muita coisa” para se conversar com Valdemar Costa Neto, presidente da sigla.
“Tem muita coisa pra conversar com o Valdemar da Costa ainda. Porque, afinal de conta, não é a minha bandeira que vai ficar isolada no partido dele. Nós queremos é um projeto de Brasil, e o discurso não é apenas o meu. É do presidente do partido também nós estarmos perfeitamente alinhados”, ressaltou.
Por fim, Bolsonaro comentou que a filiação no dia 22 de novembro — data que remete ao número do PL nas urnas — não deve ser cumprida.
“Eu acho difícil essa data de 22. Tenho conversado com ele e estamos em comum acordo que podemos atrasar esse casamento para que não comece sendo muito igual aos outros. Não queremos isso”, finalizou.
Escolha do partido
A filiação de Bolsonaro ao PL foi anunciada pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto, na última quarta-feira (10/11), após reunião no Palácio do Planalto.
O mandatário do país dizia que estava se decidindo entre três legendas: PP, PL e Republicanos (antigo PRB). Há um acordo para que o PP indique o candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. O Republicanos também deve compor com o presidente na campanha.
Segundo apuração do colunista do Metrópoles Igor Gadelha, o presidente do PL estaria ameaçando deixar a base do chefe do Executivo federal. Nos bastidores, dirigentes do PL teriam informado ao Palácio do Planalto que o partido poderia desembarcar do governo caso o mandatário optasse por outra legenda.
Bolsonaro completou, na última sexta-feira (12/11), dois anos sem filiação partidária. Trata-se de um recorde entre presidentes da República e um prazo maior do que o previsto inicialmente pelos próprios bolsonaristas.
Em novembro de 2019, o chefe do Palácio do Planalto deixou o PSL, partido pelo qual foi eleito, após uma série de desentendimentos com a cúpula da sigla. Na ocasião, chegou a promover o lançamento de nova agremiação: o Aliança pelo Brasil. O projeto, porém, não saiu do papel, dada a dificuldade para recolher as assinaturas exigidas para registro perante o TSE.