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Pesquisadores apontam alto risco de volta da poliomielite no Brasil

 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Começou a sétima edição do International Symposium on Immunobiologicals (ISI) nessa terça-feira (02/05), que está alertando para o risco iminente do retorno da poliomielite ao Brasil. A doença, que havia sido erradicada no país desde 1989, pode causar morte ou sequelas motoras graves.

Durante o evento, pesquisadores destacaram a baixa cobertura vacinal como principal motivo de preocupação em relação à paralisia infantil, outro nome para a poliomielite. O ISI está sendo promovido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Bio-Manguinhos/Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Luiza Helena Falleiros, presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da Saúde, afirmou que diversos fatores contribuem para o cenário atual e que existe um risco evidente de retorno da doença. 

“Com o processo de imigração constante, com baixas coberturas vacinais, a continuidade do uso da vacina oral, saneamento inadequado, grupos antivacinas e falta de vigilância ambiental, vamos ter o retorno da pólio. O que é uma tragédia anunciada”, afirmou.

Luiza Helena ressaltou que as vacinas são vítimas do próprio sucesso, uma vez que, como a poliomielite não é vista há muito tempo, a noção de risco é perdida. No entanto, ela reforçou que a única forma de prevenir o retorno da doença é através da vacinação.

De acordo com um estudo do Comitê Regional de Certificação de Erradicação da Polio 2022, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil é o segundo país das Américas com maior risco de retorno da poliomielite, ficando atrás apenas do Haiti. Recentemente, um caso da doença foi confirmado em Loreto, no Peru, o que aumentou a vigilância nas fronteiras. Há 30 anos, o continente estava livre de registros da doença.

Cobertura vacinal

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de cobertura vacinal para a doença no Brasil no ano passado foi de 77,16%, o que está muito abaixo da taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 95% para prevenir a circulação do vírus.

Durante um simpósio realizado nessa terça-feira (02/05), foram discutidos os motivos que levam as pessoas a hesitar em tomar vacinas. José Cassio de Morais, assessor temporário da Organização Pan-Americana da Saúde, afirmou que a cobertura vacinal depende principalmente da confiança nas vacinas fornecidas pelo governo, da forma como as reações à vacina são administradas, do acesso aos postos de vacinação, do nível de renda familiar e da escolaridade da população. Para melhorar a situação atual, Morais defendeu um maior investimento em campanhas de informação de qualidade.

“É importante lembrar que a vacinação, além de uma proteção individual, é uma proteção coletiva. Vimos isso na questão da covid-19, em que muitas pessoas não quiseram se vacinar. E precisamos atentar para a questão da comunicação social. Temos uma avalanche de fake news a respeito das vacinas e que trazem muito dano para a população. Mas não temos quase notícias positivas a respeito da vacina. Tem tido muito pouca divulgação da campanha de vacinação contra influenza, por exemplo. Temos que melhorar isso, divulgar melhor os fatos positivos em relação à vacina”, afirmou o assessor da Opas.

Fonte: Agência Brasil

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