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Mulher mantida em cárcere privado por 15 anos é salva pelo namorado e pedida em casamento

A mulher resgatada após ter sido mantida em cárcere privado por 15 anos em Teresina teve como anjo da guarda o seu próprio namorado. Ao O DIA, o delegado Odilo Sena, titular 6º Distrito Policial, informou que o homem, de 58 anos, identificado apenas como Osmar, teria sido a pessoa que levou até as autoridades a informação de que a jovem era mantida em condições análogas a escravidão na casa de uma empresária. Após ser resgatada, o namorado teria a pedido em casamento.

A vítima atualmente encontra-se na casa de conhecidos e está recebendo apoio jurídico e social. “Ela será submetida a uma análise psicológica. Foi ao salão de beleza, ganhou roupas novas e, se não me engano, foi pedida em casamento”, aponta o delegado. 

O namorado da vítima chegou a presenteá-la com um celular, mas a suspeita de mantê-la em cárcere privado devolveu o aparelho. “Ela [a empresária] mandou o seu atual companheiro devolver o celular ao Seu Osmar e ele ainda o ameaçou”, disse o delegado. 

O casal estava junto há cerca de dois meses e se encontravam às escondidas. Eles teriam se conhecido em um dos momentos em que a vítima saia da casa com o filho da empresária. “Quem começou essa história na delegacia foi o namorado, ele foi a primeira pessoa a denunciar. Eles criaram uma amizade colorida e depois começaram a namorar”, destaca Odilo Sena. 

Inquérito policial

A empresária Francisca Daniele Mesquita Medeiros, que foi presa em flagrante na terça-feira (23), acusada de manter a prima de segundo grau em cárcere privado, pode responder por carcere privado, trabalho análogo à escravidão e tortura física e psicológica. 

Segundo o delegado Odilo Sena, o Instituto Médico Legal já deu indicativos de que a vítima sofreu lesão corporal. O inquérito tem dez dias para ser concluído caso a prisão da suspeita seja convertida em preventiva. 

Nesta quarta-feira (24), o Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) informou que vai requisitar o inquérito policial para apurar eventuais ilicitudes trabalhistas cometidas contra a vítima mantida em cárcere privado. 

Para o procurador-chefe Edno Moura, a denúncia traz uma série de fatos que envolvem questões trabalhistas. “Foi uma situação que iniciou quando a mulher ainda era menor de idade, ou seja, trabalho infantil, cárcere privado de trabalhadora, jornada exaustiva, falta de pagamento pelo trabalho realizado ao longo dos 15 anos, cerceamento do direito à educação, maus tratos. Enfim, vamos apurar todas as ilicitudes para cobrar também responsabilidades civil e trabalhista”, explicou.

Ainda de acordo com o procurador, o Ministério do Trabalho já vem investigando outras denúncias semelhantes. O órgão reforça que as pessoas devem denunciar caso tenham conhecimento de casos como esse. As denúncias podem ser feitas no site do Ministério Público do Trabalho no Piauí, no www.prt22.mpt.mp.br, pelo telefone (86) 3214 7500 ou pelo whatsApp (86) 99544 7488.

(fonte:portalodia.com)

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