Mãe de Izadora Mourão assume autoria do assassinato da filha
O caso Izadora Mourão poderá ter uma reviravolta nos próximos dias. Nessa quarta-feira (23), durante audiência de instrução e julgamento dos réus, acusados do assassinato da advogada Izadora Santos Mourão, a mãe da vítima, Maria Nerci, assumiu o crime, em contraponto ao que foi produzido pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa – DHPP – que apontou João Paulo Santos Mourão, irmão de Izadora Mourão, como o autor material do homicídio triplamente qualificado ocorrido em 13 de fevereiro de 2021.
Em entrevista ao GP1, na manhã desta sexta-feira (25), a advogada Esmaela Macedo afirmou que a defesa, embasada nas provas periciais, sustenta que houve somente um autor do crime. Segundo ela, não há elemento pericial que comprove a presença de João Paulo Mourão na cena do crime.
“O DHPP e a gente quando vê a dona Nerci acredita que é uma mulher frágil, mas quem viu as entrevistas dela observou que ela não é tão frágil assim, fisicamente. Então o DHPP entendeu que aqueles golpes não poderiam ter sido desferidos por uma mulher e sim por um homem. Tentaram colocar o João Paulo na cena do crime, inclusive, disseram que tinha uma marca de uma mão de sangue em cima do lençol, mas foi comprovado pela perícia técnica que era a mão de Izadora, não tem uma digital, um fio de cabelo de João Paulo no lençol, na faca ou rastro de chinelo ou de sapato”, sustentou.
“Ela estava a centímetros da vítima, quando desferiu os golpes”
“A perita foi ouvida pelo Ministério Público na audiência. E no vestido da dona Nerci foi comprovado que ela estava a centímetros da vítima, quando ela desferiu os golpes, por isso os respingos de sangue no vestido demonstram justamente quem golpeou, quem estava de frente com a lesão no momento em que a arma foi retirada do corpo. Com as provas técnicas e o testemunho da própria dona Nerci, contando detalhes, não há dúvidas de que realmente foi ela. Infelizmente, a mãe contou uma história para o filho, de que uma pessoa entrou na casa e matou irmã e é essa história que ele sabe”, acrescentou a advogada Esmaela Macedo.
João Paulo não estava na cena do crime
Segundo a advogada Esmaela Macedo, desde o início do caso João Paulo tem apresentado a mesma versão que sua mãe sustentou até antes da audiência e instrução e julgamento, ocorrida nessa quarta-feira (23), o excluindo da cena do crime.
“Nós temos esclarecido para ele: ‘todas as provas apontam que foi sua mãe, João Paulo, você sabe de alguma coisa? E ele diz que não’. Ela participou sozinha da tentativa de ocultar a arma do crime, foi ela quem pegou a faca e levou para a casa da irmã”, pontuou.
A defesa ressaltou ainda que a frieza de João Paulo contestada durante as investigações se confunde com seu estado emocional, em razão de remédios que ele toma. “Ele está tranquilo, ele toma muito remédio e o jeito de quem toma muito remédio é de quem está sem peso, a pessoa parece que perde o semblante de sentimentalismo, e isso foi muito questionado pelo DHPP como frieza, mas ele é aquela pessoa fechada que só fala quando é questionado, mas não é um fato isolado, ele já é assim, inclusive, o juiz o parabenizou pelos esclarecimentos e os detalhes de todo passo a passo, sem nenhum erro, coadunando com o que foi periciado e com o relato das testemunhas, então tudo foi concorrentemente igual”, pontuou.
Com o fim da audiência de instrução e julgamento, o juiz estabeleceu o prazo de 10 dias para que o Ministério Público e a defesa dos acusados apresentem suas alegações finais e, após esse prazo, o juízo dará a sentença, pronunciando ou não os réus pelo crime de homicídio contra a advogada Izadora Santos Mourão.