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Indicado de Ricardo Barros na Saúde pediu propina para comprar vacina, diz empresário a jornal

BRASÍLIA – A CPI da Covid recebeu, nesta segunda-feira, material denunciando um suposto pedido de propina pelo diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, o que teria travado uma suposta negociação de vacinas da AstraZeneca.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a negociação teria sido feita com uma empresa chamada Davati Medical Supply, que o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, ouvido pelo jornal, diz representar no Brasil.

Em entrevista à Folha publicada na noite desta terça-feira, Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirma ter recebido o pedido de “acrescentar” US$ 1 por dose por fora para o ministério como condição para o negócio. A CPI quer ouvi-lo na próxima sexta-feira, dia 2, segundo o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

O material recebido pela CPI mostra que Roberto Ferreira Dias respondeu à proposta de 400 milhões de doses da Davati Medical Supply. “Este ministério manifesta total interesse na aquisição das vacinas desde que atendidos todos os requisitos exigidos. Para tanto, gostaríamos de verificar a possibilidade de agendar uma reunião hoje às 15h”, diz a reprodução de um e-mail recebido pelos senadores.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a AstraZeneca foi procurada pelos senadores nesta terça-feira e negou que tenha autorizado essa empresa a vender doses da vacina.

Amigos. Bolsonaro indicou mulher de Barros para o conselho de Itaip Foto: Agência O Globo/Jorge William/25-8-2020

Ainda de acordo com o relatado à Folha, o denunciante teria oferecido 400 milhões de doses ao governo brasileiro em 25 de fevereiro. À época, a Fiocruz já havia fechado acordo para produzir 100 milhões de doses de AstraZeneca. O governo brasileiro também já havia comprado 46 milhões de doses de Coronavac do Instituto Butantan. Em 18 de março, iria fechar a compra de 100 milhões de doses da Pfizer e 38 milhões da Janssen.

Segundo o senador Alessandro Vieira (Rede-SE), a denúncia chegou à CPI da Covid nesta segunda-feira. A comissão recebeu conversas de WhatsApp sobre a negociação em torno da vacina. Vieira apresentou um requerimento para convocar Dominguetti à CPI, que deve ser votado nesta quarta-feira, segundo ele.

— Já apresentei o pedido de convocação urgente (do denunciante).

Segundo Vieira, porém, o material enviado à CPI não comprova que houve um pedido de propina. São conversas via WhatsApp mostrando que houve a oferta de vacinas que não foi adiante.

Conforme mostrou o GLOBO, Ferreira Dias é indicado do Centrão, com a atuação do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), citado nas suspeitas que envolvem a contratação da Covaxin que se transformou em alvo de investigação da CPI da Covid.

Barros disse, em nota, que não indicou Dias. “Em relação à matéria da Folha de São Paulo, reitero que a nomeação de Roberto Ferreira Dias no Ministério da Saúde ocorreu no início da atual gestão presidencial, em 2019, quando eu não estava alinhado ao governo. Repito a informação que já disse à imprensa: não é minha indicação. Desconheço totalmente a denúncia da Davati.”

Procurado, Roberto Ferreira Dias não respondeu ao contato da reportagem. O Ministério da Saúde informou apenas que a exoneração de Roberto Dias do cargo de Diretor de Logística da pasta sairá na edição do Diário Oficial da União desta quarta-feira (30). A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (29).

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