Sexta-feira 13: por que acreditamos em superstições?
Hoje é sexta-feira, 13. Essa data te lembra alguma coisa? Algumas tradições associam o número 13 e a sexta-feira ao azar ou à sorte, fazendo com que as pessoas criem uma certa mística em torno da data. Há até mesmo um nome específico para aqueles com fobia ao número 13: triscaidecafobia. Mas por que acreditamos em superstições? Vistas como atitudes irracionais e sem base em fatos concretos, superstições permeiam o comportamento humano, mesmo entre aqueles que se declaram céticos ou ateus.
De acordo com o historiador religioso da Universidade de Miami David Kling, experimentos de laboratório mostram que até mesmo ateus autodeclarados podem demonstrar pensamentos supersticiosos. “Em um experimento, indivíduos acreditavam que influenciavam eventos, mesmo quando isso era impossível – acreditando que ajudaram um jogador a marcar um gol em um jogo de basquete ao desejar o resultado ou que haviam prejudicado alguém ao enfiar alfinetes em um boneco de vodu”, explica. Para Kling, essas crenças supersticiosas vêm como uma forma de administrar a recompensa e a punição sobrenaturais e, embora aparentemente absurdas, são tentativas de exercer algum controle sobre eventos imprevisíveis.
Quando as superstições surgem? Seja chamado de karma, força cósmica ou justiça divina, há uma crença de que nossas ações são monitoradas por forças além de nós, observa Kling. Pesquisas indicam que as superstições tendem a emergir em situações de alto risco, incerteza, falta de controle e estresse. Nessas condições, a expectativa de consequências sobrenaturais se torna um elemento-chave. Segundo a professora Catherine Newell, que também é professora de estudos religiosos da Universidade de Miami, o conceito de “falseabilidade”, trazido à tona pelo filósofo Karl Popper, é um ponto de colisão entre ciência e superstição.
O conceito de Popper diz que uma teoria científica só seria válida se pudesse ser provada errada, algo difícil de aplicar ao universo das superstições. “Não há como saber se usar suas meias da sorte ou fazer um ritual específico antes de um jogo realmente influencia o resultado”, ressalta Newell. Mesmo conscientes de que suas práticas supersticiosas não têm fundamento científico, muitas pessoas continuam a segui-las. Um exemplo curioso é o do físico ganhador do Nobel Niels Bohr, que, ao ser questionado sobre uma ferradura pendurada em sua casa, respondeu com ironia. “Disseram-me que a ferradura traz sorte, quer eu acredite ou não”, disse o físico.
(SBT News)