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De jogador de futebol a sacerdote: conheça a história do padre de Brusque que viralizou após pular em caixa d’água

Os fieis de Brusque costumam se referir ao padre Eduardo Senna como irreverente. Ele, que viralizou nas redes sociais após pular em uma caixa d’água para convidar a comunidade para a Festa de Azambuja, é conhecido por levar a vida religiosa com bom humor e alto astral.

O  sacerdote, de 47 anos, contou sobre sua infância, uma breve carreira que teve de jogador de futebol, um chamado que recebeu para ser padre e também sobre sua relação com o povo brusquense.

Atuação no seminário

O padre preside a missa de cura e libertação no Santuário Nossa Senhora de Azambuja e também trabalha no Seminário de Azambuja. Natural de Urubici, na Serra catarinense, padre Eduardo mora em Brusque há três anos e se diz muito acolhido pelo povo brusquense.

“Me senti muito amado aqui. O povo de Brusque tem uma forma muito peculiar em acolher aqueles que estão chegando. Eu vejo que as pessoas buscam os sacramentos, a confissão, o batismo e mesmo o matrimônio. Isso faz parte de uma evangelização que já vem desde anos atrás, daqueles que primeiro passaram por aqui e semearam isso no coração das pessoas. Percebo que isso se mantém”, diz.

‘Padre da caixa d’água’

O padre frequentemente posta vídeos no Instagram (@‌senna8705) convidando as pessoas para outras ações da igreja. Ele conta que teve a ideia de pular na caixa d’água a partir de um vídeo que viu de um padre do Nordeste.

“Eu estava pensando em fazer algo diferente para que o povo que nos segue pudesse interagir, e também para motivá-los. Sabemos que as pessoas precisam de motivação e de alegria”, diz.

Ele apresentou a ideia para o setor de comunicação do Santuário, que aprovou na mesma hora. Então, a equipe conseguiu uma caixa d’água emprestada para fazer o vídeo.

“Era um dia muito frio, mas a festa estava chegando e precisávamos divulgá-la. Eu me surpreendi pelo vídeo ter viralizado, e o que mais me chamou atenção é que foi uma repercussão positiva. A proposta não era eu me tornar conhecido, a proposta é sempre a evangelização”.

“As correntes sempre vão existir”

Apesar de muitos gostarem do jeito animado do padre, alguns fieis mais conservadores não aprovam essa postura. Sobre isso, ele acredita que é saudável cada pessoa ter uma opinião diferente.

“As correntes sempre vão existir. Cada ser humano é único. É natural que eu não agrade a todos, então eu fico bem tranquilo com relação a isso. O mais bonito é que Deus vê o nosso coração e conhece a nossa intenção”, diz.

João Henrique Krieger/O Município

Ele também cita o papa Francisco, que recebe críticas de alguns fieis no mundo todo por falar de assuntos polêmicos, como uma referência para a igreja. “São tantas mudanças que ele trouxe, a simplicidade dele, o amor que ele tem à igreja, a Jesus e ao Evangelho. Isso é muito importante para o povo de Deus”.

Infância

Eduardo se mudou para São José, na Grande Florianópolis, quando tinha um ano de idade, pois o pai dele foi trabalhar em Palhoça. Durante a adolescência, ele jogou futebol por diversos clubes em São José e tinha o sonho de seguir a carreira de jogador.

Aos 17 anos, surgiu a oportunidade dele ir para o Vasco da Gama. Ele ingressou na equipe sub-20 do clube e jogou por um tempo, até que foi para o Figueirense. “Apesar de ser Avaiano, joguei no Figueirense”, brinca.

Ainda nesse período, ele prestou vestibular e cursou Ciências da Computação. Iniciou a faculdade e, por incompatibilidade de horários, teve que abandonar o campo.

Início da vida na igreja

A família de Eduardo não era católica, então o padre não teve formação no cristianismo durante a infância. Porém, em 1997, ele passou por um processo de transformação e, segundo ele, teve um encontro com Deus.

A partir daí, junto com um grupo jovem da paróquia que ele participava em São José, começou a frequentar a igreja. “Eu não conhecia e não entendia nada. Não sabia como funcionava ser padre, nunca pensei em ser, mas naquele ano eu me senti chamado”, diz.

Um ano depois, em 1998, Eduardo entrou para o Seminário Propedêutico, que é a fase introdutória à formação sacerdotal. Ele saiu do seminário ao entrar na faculdade e, também, porque começou a trabalhar.

Três anos depois, ele entrou para a comunidade Divino Oleiro, que é uma comunidade de leigos consagrados. Nela, o padre ficou por 12 anos e realizou diversas missões.

Nesse período, ele foi para o sertão da Bahia, entre 2008 a 2009, e também para Guiné-Bissau, na África Ocidental, em 2013. Quando ele retornou, iniciou os estudos para ser padre e se ordenou no dia 23 de junho de 2018. Também em 2013, ele veio para Brusque estudar Filosofia.

Padre Eduardo Senna no sertão da Bahia. Foto: Arquivo Pessoal

“É uma questão vocacional. Houve um momento da minha vida, a partir de uma experiência de oração, em que eu também caí por terra. Os meus conceitos, os meus planos, o que eu pensava, tudo se transformou, porque havia um chamado de Deus, que é mais forte do que nós”, conta.

“A partir daí, o coração arde e você se apaixona. É um amor tão grande por Deus que você quer conhecer cada dia mais esse Deus. E quanto mais você vai em busca de Deus, mais ele vai se apresentando para você e as coisas vão acontecendo”.