Esporte

Hernanes se despede do São Paulo aos prantos

Um dos maiores nomes da história recente do São Paulo, Hernanes deu adeus ao torcedor neste sábado, 17. Aos 36 anos, o meia e a diretoria entraram em acordo para rescindir seu contrato, que era válido até o fim do ano.

Além de escrever uma emocionante carta aos são-paulinos, o Profeta conversou com a SPFC TV e caiu no choro ao relembrar seus grandes momentos e a importância do clube na sua vida.

— O São Paulo foi por muito tempo minha casa, minha família. Sempre foi um lugar onde me senti muito bem. Dizer até logo foi difícil, mas agora dizer adeus, como jogador… É um ciclo que se encerrou. Não é tristeza, são apenas fortes emoções, lembranças vitoriosas. Serei torcedor, porque o São Paulo me tratou sempre de maneira respeitosa, honrosa, digna. É difícil falar, somente agradecer. Essa é a palavra. Gratidão eterna.

— O São Paulo é casa, lar, família, história. Um portal. O São Paulo é e foi um portal para o mundo dos sonhos, das maravilhas. Para um mundo encantado, da magia, dos contos de fadas. Não é Alice, mas é o País das Maravilhas. Me ensinou tanta coisa, me desafiou. Me ensinou a andar, na verdade. Eu cheguei aqui com 16 anos, nem sabia me alimentar. Comia só pão. Colocou meu nome na história. Obrigado.

O meia explicou como aconteceu a “simples” conversa com o presidente Julio Casares. O Profeta fez questão de tomar a frente da situação e não envolver mais pessoas.

— Eu não decidi com a cabeça, decidi com o coração. Decidi falar direto com o presidente e foi uma conversa bem simples. Falei para ele: “Me fizeram ídolo, mas eu gostaria de voltar a ser jogador de novo. Se não poderia ser aqui, ia tentar em outro lugar”. E ele entendeu. A gente se entendeu, e foi assim.

Hernanes ainda lamentou o fato de estar longe da torcida nesse momento e contou suas grandes memórias no Morumbi.

— Como eu escrevi na carta, seria legal ter o torcedor perto para poder, mais uma vez, sentir esse grito. Esse som do torcedor após um drible, um gol. Esse som que está ecoando na minha mente. Também me lembro de 2007, quando a gente sobe a escada do túnel, era o jogo do título, e eu vi o Morumbi lotado. É a imagem do meu primeiro título, meu primeiro sonho e objetivo concretizado. Eu não deixaria o São Paulo se não tivesse uma foto minha estampada na parede. Então aquela noite foi especial, pelo título e pelo Morumbi lotado. Esse som e essa imagem… Também teve o jogo do Cruzeiro, 60 e poucas mil pessoas, domingo de manhã, dia dos pais, 2017. Esse jogo foi emblemático. Vitória importante, sofrida… São esses momentos que agora vieram na minha cabeça.

Em um tom muito pessoal, o Profeta ainda explicou como foi voltar para ser capitão e salvar o time do rebaixamento em 2017. E anos depois, retornar mais uma vez e ter a honra de levantar a taça que deu fim à fila do clube.

— Eu gosto muito de ser protagonista, mas não pude ser protagonista como queria dentro de campo, mas ter levantado com o Miranda a taça de campeão paulista, tirar o jejum de tanto tempo, foi importantíssimo. Muita gente falava: “Você tem que levantar uma taça como capitão do São Paulo”. E é muito curiosa essa história, porque em 2017, quando eu voltei, o São Paulo estava em uma situação bem delicada. E eu tive medo, preocupação de querer voltar. Não queria que minha história com o clube tivesse nenhuma mancha. E o rebaixamento era algo que eu sempre tinha medo. Lembro que quando começasse o campeonato, se não distanciasse o mais rápido possível, era uma falha, e eu não fui feito para falhar. Então, aceitar uma missão desafiadora como aquela foi difícil. Quando eu cheguei, nem tinha pensado nisso, porque só quero jogar. Mas me deram a faixa de capitão e depois do primeiro jogo eu pensei: “Caraca, o São Paulo nunca foi rebaixado. Se a gente for esse ano, serei o capitão. Algo que sempre evitei ao máximo, temi. A gente conseguiu se salvar, e alguns anos depois aparece a oportunidade de não ser protagonista, mas ainda assim, a vida é linda por causa disso, você vai colher o que plantou, ainda que não no tempo que você esperava. Mas você colhe. Foi bem marcante, algo que a vida e o São Paulo me presentearam. Com um cara especial que é o Miranda. Foi um grupo especial.

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