Ministério Público pede julgamento de Lokinho e namorado pelo Júri Popular em Teresina
O promotor Ubiraci de Sousa Rocha, da 14ª Promotoria do Júri do Ministério Público, pediu que o influencer Pedro Lopes, conhecido como Lokinho, e o namorado, Stanlley Gabriel, sejam submetidos a julgamento pelo Júri Popular.
Os dois foram acusados de duplo homicídio doloso e lesão corporal grave pelo atropelamento e homicídio de duas mulheres, no dia 6 de outubro, na BR-316, na zona Sul de Teresina.
“Desta forma, os fatos narrados e comprovados nos autos configuram crimes dolosos contra a vida, sendo o dolo eventual claramente evidenciado pela conduta dos acusados. Ao conduzir um veículo em alta velocidade, sem habilitação, e realizar manobras perigosas, o acusado Stanlley Gabryell Ferreira de Sousa assumiu o risco de produzir os resultados morte e lesão corporal. O acusado Pedro Lopes Lima Neto, por sua vez, concorreu para a prática dos crimes ao permitir que Stanlley Gabryell conduzisse o veículo, assumindo conscientemente o risco de um resultado fatal”, diz trecho da decisão.
O acidente resultou nas mortes de Marly Ribeiro da Silva, 40 anos, e Kassandra de Sousa Oliveira, 36 anos, mãe de Maria Suelly, de 11 anos e Maria Alice, de dois anos, que também ficaram feridas.
O promotor também solicitou que seja fixado valor mínimo para a reparação dos danos causados aos familiares das vítimas. A decisão foi publicada no dia 10 de janeiro de 2025.
Conflito de versões durante audiência
No dia 16 de dezembro foi realizada a audiência de instrução e julgamento do influenciador Pedro Lopes, conhecido como Lokinho, e seu namorado, Stanlley Gabryell , na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina. Durante a audiência, foi apontado um conflito de versões.
Durante a audiência, uma testemunha afirmou ter visto Lokinho dirigindo o carro no momento do acidente, o que contraria a versão do influenciador. Segundo Josélio Sálvio, advogado da família de Kassandra de Sousa Oliveira, a testemunha, que é irmã de uma das vítimas fatais, estava perto do local do acidente e declarou que o influenciador era quem conduzia o veículo.
“Tem uma testemunha que é irmã da vítima e disse que viu que quem estava no carro era o Pedro Lopes, o Lokinho. Ela estava aproximadamente há 20 metros, a luz do carro estava acesa quando ela vinha, disse que observou esse detalhe e que realmente ele estava [no motorista]. Ele [o Lokinho] nega isso e diz que quem estava era o Stanlley. Ele diz que vinha do lado, inclusive que vinha vendo o celular dele. Então existe esse ponto em controversa e vamos deixar isso para plenário, Tribunal do Júri mesmo para que os jurados possam tirar essa conclusão”, afirmou Josélio Sálvio.
Por sua vez, Lokinho sustenta que estava no banco do passageiro, mexendo em seu celular, enquanto o veículo era conduzido por Stanlley Gabryell. O acidente resultou nas mortes de Marly Ribeiro da Silva, 40 anos, e Kassandra de Sousa Oliveira, 36 anos, mãe de Maria Suelly, de 11 anos e Maria Alice, de dois anos, que também ficaram feridas.
A audiência ainda não foi encerrada. Conforme explicou o advogado Josélio Sálvio, a fase de alegações finais será a próxima etapa antes que a juíza Maria Zilnar decida se os réus irão a julgamento no Tribunal do Júri.
O acidente ocorreu na BR-316, na zona Sul de Teresina. Os acusados respondem pelos crimes de duplo homicídio com dolo eventual e lesão corporal grave. De acordo com a Polícia Civil, as investigações indicam que Stanlley Gabryell, que não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH), estava dirigindo o veículo no momento do acidente. O carro teria sido entregue pelo influenciador.
Defesa dos acusados pede desclassificação do crime
A defesa dos reús argumenta que o caso pode ser desclassificado de homicídio com dolo eventual para homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Essa mudança impediria o julgamento pelo Tribunal do Júri, e a pena seria significativamente menor.
“A ausência de intenção, corroborada pelas provas, torna a desclassificação apropriada e justa. Esperamos que a Justiça reconheça a inexistência de dolo eventual e atribua a responsabilidade de forma adequada”, disse o advogado Jairo Braz.
A defesa também criticou o Ministério Público, alegando que este estaria “contaminado pela opinião pública”. “Não compactuamos com o posicionamento do Ministério Público, que vem emitindo juízos de valor antecipadamente, antes mesmo da produção das provas, que deve ocorrer nesta audiência”, afirmou o advogado Gerson Moraes.