Esporte

Cruzeiro ganha mais uma e sonha com arrancada pelo acesso

A Série B do Campeonato Brasileiro é uma corrida de 20 carros e 38 voltas. Chegou à metade do percurso e começou a mostrar quem deve brigar pelo pódio – que, nesse caso, tem quatro lugares. Ajeitando o carro com Vanderlei Luxemburgo, o Cruzeiro fez quatro voltas que mostraram, por diferentes motivos, que ainda é possível sonhar. Com pés no chão e priorizando, ainda, os retrovisores.

A última delas foi com uma vitória importante, por 1 a 0, sobre o Náutico. Ainda que não seja aquele time que liderou o início da Série B e fez parecer que faria uma campanha de acesso com tranquilidade, tem seus atributos. Principalmente jogando nos Aflitos. O Cruzeiro venceu mostrando maturidade, acima de tudo.

Diante do segundo melhor ataque da competição, com 24 gols, o Cruzeiro sofreu pouco. Adriano e Rômulo ofereceram poucas chances a Jean Carlos, eleito melhor jogador da competição nos últimos dois meses. O mesmo ocorreu com Vinícius, que não teve vida fácil diante de Norberto.

Eduardo Brock, mal em vários outros jogos, foi destaque positivo em Recife. Foi muito bem pelo alto e perfeito nas coberturas, diante de mais uma atuação irregular de Ramon. Quando o sistema defensivo não conseguiu parar o Náutico, Fábio o fez. Depois de cinco jogos seguidos sendo vazado, o setor passou em branco.

Sobre o ataque, o Cruzeiro teve dificuldades para criar no primeiro tempo. A aposta era por um jogo com mais ligações diretas, usando Moreno pelo alto e a velocidade dos pontas na segunda bola. Não funcionou. Bruno José e Dudu foram bem marcados, além de não estarem em noite inspirada.

No segundo tempo, Luxemburgo fez o Cruzeiro melhorar. Com o time propondo o jogo pelo chão, Dudu (duas vezes) e Claudinho perderam chances claras. Brock e Wellington Nem também assustaram. Não foi um massacre, como diante do Sampaio, mas o time celeste foi quem construiu melhor e finalizou mais. Venceu com o dedo do treinador e a estrela de Thiago.

Venceu na alma. O que também é um mérito. Atributo que cresceu demais com Vanderlei Luxemburgo. A briga por cada bola foi inegavelmente maior nos últimos quatro jogos. Não que antes não entregassem vontade a Mozart. Mas, hoje, o psicológico parece estar entrando nos eixos aos poucos, com desempenho, resultado e salários em dia.

Mas não é só alma e cabeça no lugar. O Cruzeiro está entregando mais em campo. Ainda que distante do ideal, oferece menos oportunidades aos adversários, produz com mais naturalidade na frente e mostra que o elenco pode entregar mais do que vinha entregando. Agora, também, terá o torcedor ao lado. Pode ser o que faltava pra voltar a ser forte em casa, o que será preponderante no returno.

É preciso crescer muito coletiva e individualmente. Não há tempo para erros, como aquele que aconteceu diante do Vitória, cedendo empate, após virar jogo em casa, ou o que “deu” o gol ao Sampaio, time que finalizou apenas três vezes.

Não fossem esses erros bobos, o aproveitamento com Vanderlei, que é de 66%, seria ainda maior. Hoje, os números são próximos do que o time precisa até o final para brigar pelo acesso, considerando 62 pontos como linha de corte, como nos últimos anos na Série B. Meta que não é fácil.

O Cruzeiro não pode esquecer de olhar os retrovisores. A briga ainda é contra o rebaixamento. Os times ultrapassados recentemente ainda estão no encalço. E o início da campanha com Felipão, ano passado, mostra que nada se sustenta sem sequência de resultados, exatamente o que esse time não está conseguindo.

 

Mas há atributos que podem fazer, sim, o Cruzeiro sonhar em olhar, em breve, apenas para o para-brisas, em busca de ultrapassar a bandeira quadriculada entregando sorriso, não frustração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *