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Após ouro, Bruno Guimarães confia em chance na volta à Seleção: “Nem toquei na bola”

Com um ouro olímpico na bagagem, Bruno Guimarães se credencia novamente para uma vaga no meio de campo de Tite. A chance já estava aberta por causa da suspensão de Fred, do Manchester United, que não vem para o chamado pela restrição dos ingleses.

No último fim de semana, ele mostrou entendimento com Lucas Paquetá, companheiro de Lyon e de seleção brasileira. A dupla foi a primeira leva de jogadores a se apresentar à Tite em São Paulo.

O primeiro treino da Seleção de Tite está marcado para esta tarde, às 16h, no CT do Corinthians. Na quinta-feira, em Santiago, o Brasil enfrenta o Chile no sétimo jogo das Eliminatórias, que lidera com seis jogos e seis vitórias

Em entrevista ao ge na última semana, Bruno contou das mudanças no Lyon com a chegada do novo técnico, o Peter Bosz, do sonho de Copa do Mundo e de um título pelo clube francês e de muito mais. Confira o papo com o meio-campista Bruno Guimarães.

Bruno Guimarães: Eu estava na expectativa, mas a gente sabe que a briga no meio de campo é grande. Tem muitos jogadores, grandes jogadores no radar. Mas dessa vez foi uma convocação diferente, por merecimento de tudo o que eu fiz nas Olimpíadas, que a gente fez. Assisti a convocação com muita vontade de estar lá, de ir e ter meus minutos na Seleção. Apesar de eu já ter ido duas vezes, entrei numa partida por três minutos, nem toquei na bola. Fico na expectativa agora. Estou muito feliz e muito motivado.

Não ter o Fred aumenta suas chances ali de formar o meio de campo com Casemiro, não acha?

Vi a notícia que ele está suspenso (Nota da redação: a entrevita foi realizada antes da definição de veto da liga inglesa aos convocados). Sou jogador da posição, mas o Tite pode usar outro esquema. Ainda nem chegamos lá, não sei como vai treinar, mas se eu tiver a oportunidade de disputar meu primeiro jogo como titular na seleção principal vai ser mágico. Será um jogo difícil contra o Chile, é um grande adversário. Tudo depende, mas a oportunidade está aí. Com a seleção olímpica, deixei meu nome e fiz o Tite ficar com uma dorzinha de cabeça, espero deixar ele agora com essa dor de cabeça também na principal, quero estar no bolo, que é o mais importante.

Por falar no Tite, como foi o contato com ele na Seleção. O que ele mais te pediu?

Para mim foi muito importante estar na Seleção. Com isso tudo do Covid, ficaram muito tempo sem convocar, então tivemos muitos vídeos. Os auxiliares vinham, os analistas de desempenho mostravam vídeo, o Tite falou comigo de funções, do primeiro, do segundo volante, do meia, o jeito que marca, o jeito que ataca, conversamos sobre o clube, a vida, o que aconteceu na minha ida para o Lyon. Serviu bastante, foi um aprendizado muito grande. Estar entre os melhores do seu país é muito gratificante. Apesar do pouco tempo, para mim foi uma experiência muito grande já entender como ele entende o jogo, a filosofia, como a seleção joga… Foi uma experiência grandiosa.

Entende que a forma de jogar na olímpica e na principal é parecida?

Tem algumas diferenças. Na principal, o lateral que apoia como um terceiro (homem de meio) vinha sendo o Danilo. Na Olímpica, o Arana atacava muito mais, depois o Lodi quando jogou na principal teve essa liberdade. Mas tem algumas semelhanças. Na olímpica, jogamos em alguns jogos no 4-2-4, com Cunha e Richarlison lá. Tem algumas diferenças, mas ao mesmo tempo tem semelhanças na forma de jogar, de apoiar, até na de marcar a gente tentou assemelhar algumas coisas pelos vídeos que vimos da principal. A seleção principal serviu de exemplo em alguns vídeos que o professor Jardine passou para a gente. Acredito que tenha algumas semelhanças.

Você tem passe em profundidade que a gente não vê tanto no time do Tite dos meias de contenção. Pode ser uma arma para ganhar esse espaço?

Tite falou que eu tinha um grande jogo curto, um jogo longo também. Quando eu fui, ele optou muito mais pela marcação do Douglas Luiz, por ser um cara da área. Ele queria deixar o Lodi como um ponta, mais enfiado. Foi questão dele, mais de detalhes mesmo. O Tite dá preferência para o jogador que já foi, que já estreou. Acredito que ele vai dar oportunidade para todos que estão no radar. E concordo com você, essa é uma jogada que eu gosto de fazer, achar aquele passe entrelinhas para o lateral ou para o ponta, estar no jogo apoiado, sempre participando.

Como tem sido a experiência com o novo treinador? Na apresentação vimos que ele disse que quer jogo “ofensivo e atraente”.

Minha relação é muito boa, é totalmente diferente de como era com o anterior. A gente mudou do hemisfério Sul para o hemisfério Norte. É um treinador que quer jogar o tempo inteiro, quer sempre a posse de bola, quando perde ele quer recuperar o mais rápido possível. Para fazer esse estilo de jogo leva um tempo. O bom é que aqui na Europa a torcida abraça isso, eles têm um pouco mais de tempo para desenvolver. Foram duas rodadas, empatou uma e perdeu outra (Nota da redação: na terceira partida, venceu, 1 a 0 sobre o Nantes, na última sexta). Se fosse no Brasil ele já estaria pressionado. Mas é bom que aqui tem esse tempo para ele treinar isso. É uma filosofia legal, estou gostando bastante, favorece demais meu jogo, ele é um cara que gosta da posse de bola e de intensidade sem ela. Eu sou um cara que corre bastante, cerca de 12,5km por jogo, então ele está gostando muito de mim e eu estou gostando da filosofia dele. Espero que a gente possa colher os frutos.

Você joga de primeiro volante no Lyon, mas concorre muito mais de segundo volante com Tite. Dá para conciliar essa chave de um lugar para o outro?

Dá para jogar no clube de um jeito e outro na Seleção. Apesar de ser primeiro volante, tenho liberdade para, quando eu for, os outros ficarem. Ou trocar. A gente fica movimentando o tempo inteiro, mas no papel eu começo o jogo como primeiro volante, apesar de ter essa liberdade de troca. O Casemiro é um grande jogador, acho ele um craque, também tem o Fabinho de primeiro. O segundo volante é uma vaga que o Tite está procurando, testando jogadores, acredito que todos que estão no radar vão ter sua oportunidade. Espero aproveitar a minha chance.

 

Quando começaram a chegar as notícias da contratação do Messi, tornando o PSG ainda mais forte, como foi a reação no seu time?

(Risos) Tem também um lado positivo. A liga fica mais valorizada, os craques estão na França, então todo mundo vai querer ver. Vai deixar o campeonato mais competitivo e as pessoas vão valorizar mais o campeonato francês, que é muito difícil de jogar. Tem muita força física e intensidade. Sabemos que o Paris é favoritíssimo para tudo o que vai disputar, sem dúvidas. Mas também tem o outro lado, da valorização dos outros. No Lyon temos muitos jovens, grandes jogadores que daqui a dois ou três anos estarão em grandes times do cenário mundial. Eu vejo pelo lado positivo, da valorização, e realmente o Paris está uns cinco passos à frente de todos os clubes aqui da França.

Você é muito amigo do Renan Lodi. Ele acabou ficando fora, teve o lance na final da Copa América. Tem conversado com ele?

Acredito que o Tite também deu uma aula aí, ligou para ele, conversou. O Tite é muito justo. Ninguém quer errar, acontece, poderia ter acontecido com qualquer um ali também, é difícil dizer. Acredito que ele ficou triste na primeira semana, mas depois a gente sabe que tem que levantar a cabeça. Isso vai servir de motivação para ele, espero que ele faça uma grande temporada e volte mais forte. Fica a minha torcida para ele, para que possa voltar, colocar a cabeça no lugar, ele sabe que poderia ter acontecido com qualquer um. Espero que ele volte mais forte, trabalhe muito mais para, quando o Tite optar por ele, ele estar preparado.

Você sempre disse que queria ganhar o ouro. E agora, qual a meta que mais lhe atrai?

Tenho muitas metas, mas a maior é a Copa do Mundo. Já disse em outra entrevista que meu objetivo de vida era Olimpíada, Champions League e Copa do Mundo. Depois que ganhar isso posso encerrar minha carreira tranquilo. Vou estar realizado, vou ter vivido tudo o que sonhei. A primeira meta eu já consegui. Também tenho um sonho grande de jogar a Premier League, vejo como o melhor campeonato do mundo. Também tenho metas pessoais e coletivas, nessa temporada quero participar mais de gols, não que eu me cobre muito para isso, mas sei que é importante. Mas a minha principal meta no momento é a Copa do Mundo.

Você falou de Premier League e recentemente saíram notícias de interesse do Arsenal. Também houve consulta no futebol alemão. Chegou algo para você?

Aconteceram sondagens com meu empresário. Mas nada oficial, perguntaram… enfim, não teve proposta oficial. Meu objetivo, e eu deixei claro para o Juninho, é conquistar um título aqui. A torcida do Lyon está carente de títulos, não ganha algo tem muito tempo. A gente tem a Copa, a Liga Europa, Campeonato Francês, que é muito difícil pelo nível do Paris, mas é campeonato, tudo pode acontecer. Meu objetivo é conquistar alguma coisa, marcar meu nome no Lyon, mas nunca escondi que tenho um desejo grande de jogar na Premier League.

 

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