Imunidade de rebanho depende da imunização de adolescentes. PNI começa campanha hoje
Eles representam quase 25% da população brasileira e, para a comunidade médico-científica, esse grupo é essencial para o país atingir a imunidade de rebanho, ou seja, quando a proteção coletiva consegue frear o avanço da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Apesar de não representarem o maior volume de hospitalizações e de casos graves desde o início da pandemia, crianças e adolescentes respondem por 2,5% das internações e 0,34% das mortes até agora, segundo projeções do presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri.
Para o leitor ter dimensão de como esse público é impactado pela Covid-19, de acordo com a estimativa de Kfouri, foram mais de 520 mil internações e cerca de duas mil mortes.
“Um fator é a não desprezível carga da doença para esse público”, alerta o especialista em entrevista ao Metrópoles. Além disso, a proteção desse público ajudará a diminuir a circulação da variante Delta, considerada mais contagiosa.
O médico diz mais. Com a vacinação desse público, o Brasil dará um passo importante para conseguir diminuir a velocidade de transmissão do coronavírus. “Só a Covid-19 matou mais que todas as outras doenças preveníveis por vacina juntas. É uma armadilha contra a qual precisamos ter cuidado”, frisa.
A recomendação do Ministério da Saúde é que para esse público a campanha comece nesta quarta-feira (15/9). Contudo, cinco estados e o Distrito Federal decidiram antecipar a vacinação para a faixa entre 12 e 17 anos. Cerca de três milhões de pessoas dessa faixa etária já receberam a primeira dose da vacina.
Para Kfouri, é o caminho natural, à medida que avança a vacinação de adultos. “Agora que terminamos essa etapa, acima de 18 anos, é natural que se avance nas demais populações para alcançar a diminuição de transmissão”, explica.
O médico pede que os pais colaborem com essa fase da vacinação. “A vacina licenciada é extremamente segura, com dezenas de milhões de doses aplicadas. Não há o que temer, e essa etapa é necessária na pediatria”, defende.
Veja unidades da Federação que já iniciaram a imunização de crianças e adolescentes:
- Mato Grosso do Sul
- Ceará
- São Paulo
- Rio Grande do Norte
- Rio de Janeiro
- Distrito Federal
Riscos a não vacinados
Na última semana, autoridades sanitárias americanas divulgaram dados que indicam mostram que adolescentes não vacinados foram hospitalizados com Covid-19 em proporção 10 vezes superior aos que tomaram a injeção da Pfizer. Lá, 30 mil crianças e adolescentes estão hospitalizados por causa do coronavírus.
Neste momento, a vacina da Pfizer é a única aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a faixa entre 12 e 17 anos no Brasil.
O laboratório Janssen recebeu autorização para condução de estudos com menores de 18 anos no Brasil e está realizando a pesquisa.
“Os estudos de eficácia e segurança devem ser realizados pelos laboratórios farmacêuticos. Os resultados destes estudos são apresentados pelos laboratórios no momento em que solicitam a inclusão de nova indicação na bula de suas vacinas”, explica a Anvisa, em nota.
Versão oficial
Segundo o Ministério da Saúde, são mais de 20 milhões de adolescentes de 12 a 17 anos. A partir da segunda quinzena de setembro, todos os estados e o Distrito Federal começam a receber o quantitativo de doses especificamente destinado para esse público.
A recomendação da pasta é para que os estados e municípios completem a vacinação da população acima de 18 anos antes de começar a imunização deste público.
Nesta semana, na sexta-feira (17/9), a vacinação contra a Covid-19 completa oito meses. A campanha começou em 17 de janeiro, com a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Desde então, o Ministério da Saúde distribuiu 253,7 milhões de vacinas, das quais quase 215 milhões já foram aplicadas, entre primeira, segunda e dose única — no caso da Janssen.