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Jornalista Arimatéia Azevedo é preso em ação da Polícia Civil, confira o inquérito na íntegra

O jornalista Arimatéia Azevedo, proprietário do Portal AZ, foi preso novamente pela Polícia Civil do Piauí nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (07) em casa, no bairro Todos os Santos, zona sudeste de Teresina.

Inquérito policial

De acordo com o inquérito policial, que baseou a decisão do juiz, a investigação foi aberta após representação da vítima, Thiago Gomes Duarte, proprietário da empresa Saúde e Vida, do ramo de distribuição de medicamentos, relatando ter sido vítima de extorsão por parte do jornalista e do advogado.

Segundo representação criminal e termo de declarações do empresário, Lamarque Lavor, representante da empresa Saúde e Vida, recebeu mensagens do advogado Rony Samuel, o qual agia como ‘longa manus’ (executor de ordens) de Arimatéia Azevedo, jornalista e proprietário do Portal AZ, cobrando valores para fazer cessar a publicação de notas supostamente atacando a honra da vítima. Para iniciar a extorsão, Rony Samuel teria então apresentado uma primeira nota publicada na coluna de Arimatéia Azevedo, no Portal AZ.

Foi relatado ainda que o ‘modus operandi’ do investigado Arimatéia Azevedo já foi descoberto em inquérito policial, no qual figurou como vítima o médico Alexandre Andrade de Sousa, tendo sido demonstrado nesse procedimento a prática do jornalista, diretamente, ou por interposta pessoa, de extorquir vítimas exigindo valores financeiros para fazer cessar publicações difamatórias em seu portal de notícias.

 

Advogado escrevia notas para coluna do jornalista

Consta também no inquérito que o relatório demonstrou que há anos é hábito de Rony Samuel escrever trechos para as colunas de Arimatéia Azevedo, aparentemente recebendo pequenos valores por esse serviço, tudo corroborando com prova técnica e o depoimento do representante da empresa do denunciante.

No pedido de prisão, o delegado responsável, Anchieta Nery, coordenador da Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes de Informática, fundamentou que há fortes indícios de que o advogado atuou em associação com o jornalista na suposta prática do crime de extorsão contra o empresário e que Rony Samuel não responde a outras ações penais ou é investigado em outros procedimentos policiais, sendo a prisão temporária, pelo prazo de 5 dias, medida adequada e suficiente.

Prática reiterada de Arimatéia

Já em relação ao jornalista, o delegado destacou que Arimatéia Azevedo atua há décadas como jornalista, responde atualmente e já respondeu a diversas ações penais como réu, e que em junho de 2020 foi preso preventivamente por ter praticado crime de extorsão contra o médico Alexandre Andrade de Sousa, onde sua prisão preventiva foi convertida em prisão domiciliar e a domiciliar em cautelares diversas da prisão.

“Argumenta que, mesmo respondendo a ação penal de 2020 e sob a tutela de cautelares diversas da prisão, o investigado Arimatéia Azevedo, conforme apurado no caderno investigativo, continua praticando o crime de extorsão. Tudo da mesma forma: utilizando-se do Portal AZ, utilizando-se de terceiros que colaboram com a escrita das notas criminosas e com a posterior cobrança e/ou recebimento dos valores”, diz trecho da decisão.

A autoridade policial afirmou ainda que nos autos do inquérito policial não constam ilações ou conjecturas, mas provas técnicas e testemunhais de que Arimatéia Azevedo continua investindo contra o Código Penal, a ética do exercício de sua profissão e contra a confiança do Poder Judiciário, que lhe concedeu liberdade condicionada.

Decisão do juiz

O juiz então decretou as prisões preventiva e temporária do jornalista Arimatéia Azevedo e advogado Rony Samuel, respectivamente. “Estou convencido que a decretação da prisão preventiva se faz necessária para a garantia da ordem pública, eis que os elementos extraídos dos autos evidenciam a gravidade concreta da conduta e a periculosidade do investigado José de Arimatéia Azevedo, evidenciadas no modus operandi deste, que friamente e em comunhão de desígnios com o outro investigado Rony Samuel se utilizaram do poder emanado por um meio de comunicação social de grande repercussão, qual seja o site “Portal AZ”, dirigido pelo próprio representado José de Arimatéia Azevedo, para ameaçar Thiago Gomes Duarte, através de funcionário e colaborador da vítima, caso este não lhes entregasse as quantias indevidamente exigidas”, destacou o magistrado.

Depoimento do representante da empresa

No seu depoimento, o representante da Saúde e Vida, Lamarque Lavor, relatou que representa a referida empresa em procedimentos licitatórios no interior do Estado e que conhece Rony Samuel há muito tempo por serem da mesma região, São Raimundo Nonato, mas que nunca teve muita proximidade com ele.

Lamarque Lavor relatou ainda que os dois chegaram a atuar como assessores do gabinete do então deputado Paes Landim, mas que o encontrava apenas esporadicamente.

“No sábado, dia 29 de maio de 2021, às 03 horas da madrugada, ele me enviou mensagem com um print da coluna do jornalista Arimatéia Azevedo, onde se fazia alegações sobre a empresa, e logo após as afirmações ‘se ele não terminar de pagar o Rafael vai ser uma nota por dia até sexta-feira’ e ‘pelo menos a atenção da polícia eu tenho certeza que chama e que logo depois informei que isso era errado, pedi pra ele não fazer isso”, contou o representante.

Segundo ele, a pessoa de nome Rafael citado nas mensagens é um empresário, sócio de seu irmão gêmeo Guilherme, donos de uma empresa.

Em seguida, Lamarque Lavor afirmou que imediatamente falou com Thiago Gomes, mandando um print dessa conversa do Rony Samuel. “Que o Rony Samuel ficou com raiva por eu ter mandado print para o empresário, dizendo “vc me lascou”, “ele disse que vai pra polícia e que vai quebrar minha cara quando me ver na rua” e que é conhecida essa prática do Rony Samuel”, contou Lamarque.

Depoimento do empresário

O empresário Thiago Gomes Duarte contou que tem uma empresa do ramo de distribuição de medicamentos há mais de 10 anos, Saúde e Vida, e que em momentos anteriores o Portal AZ já havia feito publicações atacando a honra da sua empresa. “Mas como não me aproximo, não dou resposta e nem espaço, nessas vezes anteriores não recebi nenhum contato cobrando valores para cessar as publicações”, explicou.

“Em 21 de maio de 2021 saíram notas na coluna do Arimatéia Azevedo insinuando irregularidades em um processo de pagamento da minha empresa e que o redator da matéria indicou várias indiretas para minha empresa com um subtítulo, o valor de R$ 499.105,55 de um processo de pagamento a minha empresa que realmente estava tramitando na SESAPI, relacionado ao Hospital Chagas Rodrigues e que até citou uma “estrela vermelha, viúva”, como possível “padrinho” da empresa”, pontuou o empresário Thiago Gomes.

Ainda de acordo com o empresário, após essa publicação Rony Samuel enviou mensagens a Lamarque Lavor tentando extorquir o empresário, para fazer cessar as publicações. “Juntei as mensagens criminosas na representação criminal. Não tenho conhecimento sobre qual seria a relação prévia entre Rony Samuel e Arimatéia Azevedo para Rony ter agido a mando dele, até porque nunca tive relacionamento com nenhum deles e que fiquei revoltado com o fato dessa pessoa ter vindo me extorquir por mensagens no WhatsApp”, ressaltou o Thiago.

Prisões

Arimatéia Azevedo e Rony Samuel foram presos, na manhã desta quinta-feira (07), em cumprimentos a mandados de prisão preventiva e temporária, respectivamente, acusados do crime de extorsão.

O jornalista foi preso em casa, no bairro Todos os Santos, zona sudeste de Teresina e o advogado foi preso na cidade de Floriano, pela Polícia Rodoviária Federal.

Preso em 2020

O jornalista Arimatéia Azevedo já havia sido preso em junho do ano passado pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), durante cumprimento de um mandado de prisão preventiva por crime de extorsão qualificada, expedido pelo juiz da Central de Inquéritos, Valdemir Ferreira Santos, contra o médico Alexandre Andrade de Sousa.

De acordo com a ação que resultou na prisão do ano passado, o jornalista é acusado de ter extorquindo um médico da Capital, publicando notícias contra o profissional, que depois de várias tentativas acabou cedendo e realizou o pagamento de R$ 20 mil em dinheiro a um homem de confiança de Arimatéia Azevedo, identificado como Francisco de Assis Barreto, professor da UESPI, que também acabou sendo preso por força de um mandado de prisão preventiva.

Arimatéia foi solto em novembro do ano passado depois de ter a prisão revogada pela 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Esse processo ainda está tramitando na 8ª Vara Criminal de Teresina.

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