Astro de ‘Pose’ revela que convive com o HIV há 14 anos em segredo
Billy Porter, 51, revelou que é portador do vírus da Aids e convive com esse diagnóstico há 14 anos. A declaração foi dada em uma entrevista à revista especializada Hollywood Reporter, que publicou o material nesta quarta-feira (19) em seu site.
“Há 14 anos convivo com essa vergonha em silêncio”, afirmou o ator. “[Ser] HIV-positivo, de onde venho, uma igreja pentecostal com uma família muito religiosa, é um castigo de Deus.”
Porter é famoso por interpretar o personagem Pray Tell na série “Pose”. Pelo papel, ele ganhou o Emmy de melhor ator em série dramática em 2019. Ele também já recebeu prêmios como o Tony e o Grammy. Em breve, ele poderá ser visto como uma versão da fada madrinha no filme Cinderella, da Amazon Prime Video.
O ator afirmou que 2007, ano em que descobriu que tinha HIV, foi o pior ano de sua vida. Na época, ele também descobriu que tinha diabetes e abriu um pedido de falência. Ele diz ter tido vergonha até da própria família.
“Minha mãe já havia passado por tanta perseguição por parte da igreja por causa da minha estranheza, que eu simplesmente não queria que ela vivesse o seu: ‘Eu te disse'”, contou. “Não queria colocá-la nisso. Estava envergonhado, eu era a estatística que todo mundo dizia que eu seria.”
“Estava tentando ter uma vida e uma carreira, e não tinha certeza se conseguiria se as pessoas erradas soubessem”, afirmou. “Seria apenas outra forma de as pessoas me discriminarem em uma profissão que já é discriminatória.”
Foi durante a pandemia que o ator conseguiu organizar as ideias. “Tentei pensar a respeito o mínimo que pude. Tentei bloquear, mas a quarentena me ensinou muito”, disse. “Todos nós fomos obrigados a sentar e a calar a boca. A Covid criou um espaço seguro para eu parar, refletir e lidar com o trauma da minha vida.”
Ele diz que também aprendeu muito com Pray Tell, que na trama de “Pose” também tem HIV, mas esconde o diagnóstico. Sobre o personagem, Porter avaliou que o personagem lhe trazia “uma sensação de pavor, o dia todo, todos os dias”.
“Não era o medo de que [o diagnóstico de HIV positivo] fosse revelado ou que alguém me expusesse”, disse. “Era apenas uma pena que isso tivesse acontecido para começo de conversa.”
“Como uma pessoa negra, particularmente um homem negro neste planeta, você tem que ser perfeito ou eles vão te matar”, comentou. “Mas olhe para mim. Sim, eu sou a estatística, mas eu a transcendi. É assim que o HIV-positivo é agora. Eu vou morrer de outra coisa antes de morrer disso.”
“Estou no momento mais saudável de toda a minha vida”, afirmou. “Então é hora de deixar tudo isso ir e contar uma história diferente. Não há mais estigma –vamos acabar com isso. Está na hora. Eu tenho vivido isso e tive vergonha por tempo suficiente.”
“A verdade é a cura. E espero que isso me liberte”, concluiu. “Espero que isso me liberte para que eu possa experimentar uma alegria real e pura, para que possa experimentar a paz, para que possa experimentar a intimidade, para que possa fazer sexo sem vergonha.”
Fonte: Folhapress