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Jesus cozinha, Flamengo troca de prato principal e escolhe Paulo Sousa

“Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem faz a hora, não espera acontecer”. Marcos Braz deu a pista na madrugada de domingo ao postar imagem de Geraldo Vandré, autor de “Pra não dizer que não falei das flores”, mas a apagou pouco depois. Em que pese a hesitação, a mensagem sobre o novo técnico do Flamengo estava dada.

Nas últimas duas semanas, o Flamengo falou – e muito – do treinador que fez florescer a segunda geração mais vitoriosa do clube, mas como Jorge Jesus não podia ir embora – pelo menos agora -, Braz e Spindel, então, fizeram acontecer. Paulo Sousa, com contrato de dois anos assinado, será o novo comandante rubro-negro.

Pressionado por maus resultados e com a relação desgastada com o presidente Rui Costa, do Benfica, Jesus havia sinalizado o desejo de voltar à Gávea, mas não foi assertivo. Ao saber do acerto do velho amor com Paulo Sousa, JJ ficou surpreso e telefonou para pessoas próximas pessoas a fim de se certificar do que lhe fora dito. Confirmada a informação, não gostou. Ficou desolado, de acordo com pessoas próximas ao português de 67 anos.

Paulo Sousa vai assinar por dois anos com Flamengo — Foto: REUTERS/Marcelo Del Pozo

Embora oficialmente entendesse que não podia dar declarações nesse sentido, Jorge Jesus, de acordo com pessoas próximas, tinha sim o desejo de ser novamente técnico do Flamengo, pois não vê mais clima para seguir no Benfica após o jogo contra o Porto, dia 30.

O Flamengo tinha o papo com Jesus como obrigação moral e era o alvo principal da diretoria. Pela história construída, laços criados e idolatria da torcida. Sabia-se que era difícil. Vaga nas oitavas das Champions, contrato em vigência e pressão local pelo encontro com Braz e Spindel em 22 de dezembro, a dois dias do clássico com o Porto, tornava a situação do treinador embaraçosa. Mas o desgaste fazia a negociação, antes improvável, factível.

Os comandantes do futebol rubro-negro estavam à espreita, aguardando o momento do bote certeiro, mas nunca viam essa porta se abrir. Em meio a isso, Paulo Sousa compreendia a espera por Mister, o preferido dos torcedores.

A semana passada trouxe fatores que fizeram o Flamengo se mexer. Primeiramente, João de Deus, auxiliar do treinador, afirmou que Jorge Jesus cumpriria o contato em vigência com o Benfica – válido até 30 de maio de 2022.

O clube da Luz, em nota conjunta com o Mister, afirmou no mesmo dia que não havia acerto com o Flamengo e reforçou o desejo mútuo de o vínculo ser cumprido.

Veio a derrota por 3 a 0 para o Porto, e a imprensa portuguesa lançou mão de diversos trocadilhos e notícias que indicavam o iminente fim da relação. Jesus, porém, não repetia tal tom a Braz e Spindel.

Jorge Jesus era o preferido do Flamengo para assumir o time — Foto: Nacho Doce/Reuters

Embora tivesse viagem marcada somente para 30 de dezembro, a dupla não tinha mais como esperar. Havia a certeza de que o prato principal teria de ser trocado.

No dia 19 de dezembro já havia tido o encontro dos dirigentes com Paulo Sousa em uma das residências do treinador, em localidade próxima a Fátima (125 km de Lisboa). A longa conversa, que se arrastou por cerca de seis horas, fez Paulo Sousa virar atraente alternativa.

O sabor pode ter ficado amargo ao gosto do que fora sempre o prato principal dos rubro-negros, o mais pedido, mas o comando do futebol tem convicção de que o Flamengo à moda Paulo Sousa pode devolver à torcida o gostinho das grandes vitórias.

 

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