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Justiça do Piauí solta blogueira Arlequina e outros acusados de esquartejar mulher em Teresina

O Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) concedeu liberdade à blogueira Maria Clara Sousa Nunes Bezerra, conhecida nas redes sociais como “Arlequina”, indiciada pela morte e esquartejamento de Silvana Rodrigues de Sousa, ocorrido em junho de 2024. Além dela, também foram soltos Sebastian Valerio dos Santos e João Victor Rodrigues de Paiva Barros, que estavam presos preventivamente sob suspeita de envolvimento no crime.

A decisão foi proferida pelo juiz Muccio Miguel Meira, da 3ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, que concedeu habeas corpus aos réus e anulou a decisão de pronúncia que os levaria a júri popular. O magistrado restabeleceu a sentença de impronúncia, alegando que a acusação estava sustentada unicamente em provas colhidas durante o inquérito policial, sem confirmação no decorrer do processo judicial.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Silvana Rodrigues foi morta por integrantes de um suposto “Tribunal do Crime” após ser acusada de repassar informações a uma facção criminosa rival. O crime ocorreu no dia 23 de junho de 2024, na Vila da Guia, zona Sudeste de Teresina. A vítima teria sido atraída ao local por Maria Clara, sob o pretexto de uma reunião, e, ao chegar, foi rendida e asfixiada por Francisco Josiel Ferreira (“Lon”) e João Victor (“Oreinha”). Em seguida, teria sido golpeada e esquartejada por outros envolvidos.

Maria Clara, que foi presa no dia 8 de julho e tratada como a principal acusada do caso, negou qualquer participação no homicídio durante audiência realizada em fevereiro deste ano. Ela também negou envolvimento com facções criminosas. Durante o interrogatório, chegou a chorar e pediu o direito de responder ao processo em liberdade para ficar próxima dos três filhos.

“A audiência foi necessária para mostrar a efetiva ausência de Maria Clara no caso, seja na ordem, execução ou qualquer outro tipo de ação. No celular dela não foram encontrados vestígios de envolvimento com facção criminosa”, afirmou o advogado de defesa, Wesllen Costa.

Uma das provas que indicaria a participação da blogueira era uma fotografia onde a vítima aparece morta no chão e uma perna com tatuagem, supostamente de Maria Clara, estaria visível. No entanto, essa evidência foi considerada insuficiente para fundamentar a pronúncia dos réus.

Na decisão, o juiz destacou:
“Impronuncio Maria Clara Sousa Nunes Bezerra, Sebastian Valerio dos Santos e João Victor Rodrigues de Paiva Barros, tendo em vista que não há provas contundentes suficientes para levá-los a julgamento perante o Tribunal do Júri, nos termos do artigo 414 do Código de Processo Penal. Ressalta-se que, enquanto não houver a prescrição, poderá ser formulada nova denúncia caso surjam novas provas.”

A decisão foi emitida em 2 de junho de 2025, quase um ano após o crime. Ao todo, seis pessoas foram indiciadas no caso, incluindo dois menores de idade, e o inquérito concluiu que, após a morte de Silvana, os envolvidos enterraram seu corpo esquartejado em uma cova rasa na casa abandonada onde o homicídio foi cometido, para dificultar a identificação e ocultar provas.