Leandra Leal conta que adoção de Júlia mudou sua percepção do racismo
Leandra Leal é mãe de Júlia, que está prestes a completar sete anos. No Altas Horas deste sábado, 26/06, a atriz comentou sobre como a adoção da menina negra mudou sua visão sobre o racismo e impactou sua vida.
“Sempre me considerei uma pessoa superconsciente, ativista nisso, mas é óbvio que ser mãe de uma menina negra muda completamente a percepção e meu sentimento. É algo que eu não consigo sentir por ela, mas é algo que eu posso estar na luta com ela”, declarou.
“E é algo que é uma das minhas bandeiras agora e que acho que deve ser uma bandeira de toda a sociedade. Para mim, a adoção é algo que estou começando a falar mais, algo que eu não falava muito, mas agora com a Julia chegando nos sete anos, mês que vem, vejo o quanto é importante que eu fale sobre isso e normalize famílias que encontraram na adoção a sua forma de filiação. Porque é algo que eu recebo muitas falas preconceituosas mesmo e [de pessoas] sem informação mesmo. Eu ouço, por exemplo: ‘Quando é que você vai ter o seu?'”, enfatizou a atriz.
Durante o papo, a cantora Negra Li, que é mãe de Sofia, de 11 anos, e Noah Malik, de 4, também falou sobre como aborda a questão do racismo dentro de casa e estimula a autoestima da filha.
“Vivo mostrando para ela (Sofia) a importância que ela tem para dentro da sociedade sendo uma menina negra, que vai ser uma mulher negra. E ela tem autoestima, que é uma coisa muito importante de ser trabalhada na vida de uma criança negra, porque eu não tinha quando era pequena. Hoje, a minha filha tem. Ela se olha no espelho, se aceita do jeito que ela é, com o cabelo dela armado, preso, do jeito que ela quiser. Então, isso é muito importante também, valorizar os traços, a beleza que ela tem, e a inteligência dela também”.
A cantora completou sua fala levantando pontos importantes da luta antirracista:
“Sempre falei para os meus amigos brancos: ‘Ou você é racista ou é antirracista. E ser antirracista é estar na luta junto com a gente. É delatar, quando algo acontece, não ficar quieto, defender, ouvir, se colocar no lugar, ter empatia’. Isso, como tudo na nossa vida, não só com negros, mas com todas as pessoas, a gente tem que se colocar no lugar delas para que a gente viva numa sociedade mais feliz, mais completa e legal”.