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Morto após cobrar suposta dívida de R$ 560 mil recebeu áudio antes do crime: “A casa vai cair”

Leonardo de Freitas Rezende e o amigo, Alexandre. A família da vítima acusa o Alexandre do crime | Foto: Reprodução/TV Meio

Segundo a família de Leonardo de Freitas Rezende, morto na tarde de quinta-feira (9) após tentar receber uma dívida de um amigo, o rapaz recebeu um áudio em tom de ameaça.

O material, divulgado pela Rede Meio, apresenta ruídos, mas uma frase foi interpretada pela família como uma ameaça à vida de Leonardo. “A casa vai cair pra nós três porque eu tô de saco cheio desse bagulho, porque tão me ameaçando”, dizia uma das mensagens, que teria sido enviada por um homem identificado como Alexandre — apontado pela família como o principal suspeito do crime.

O QUE ACONTECEU

Leonardo saiu de casa acreditando que, enfim, receberia os R$ 560 mil, ou parte desse valor, que um Alexandre lhe devia. O encontro seria a quitação de uma dívida antiga, que cresceu ao longo de meses de promessas e adiamentos. 

Mas o que parecia ser o fim de uma espera virou um crime. Leonardo foi executado com dois tiros na cabeça enquanto aguardava o suposto devedor em uma parada de ônibus no bairro Parque Eliane, Zona Sul de Teresina.

OS EMPRÉSTIMOS INFORMAIS

Segundo Stefania, esposa da vítima, ele trabalhava como vigilante, mas fazia empréstimos informais para o amigo identificado como Alexandre, apontado pela família como o mandante da execução.

Segundo a esposa da vítima, Stefania Rezende, Leonardo saiu de casa certo de que receberia o valor naquele dia. Ela contou que acompanhou o marido até o local combinado, mas permaneceu em um ponto próximo, por orientação do esposo. Minutos depois, um homem se aproximou de carro e atirou duas vezes. Leonardo morreu no local.

“Era um valor muito alto, chega a 560 mil reais. Comentei várias vezes: a gente não quer mais os juros, pode ficar. Ele iludia toda vez, dizia que ia pagar. Justamente ontem, ele deu a plena certeza de que até às seis da tarde a gente ia receber esse valor”, contou Stefania.

A vítima mantinha uma relação de amizade com Alexandre. Segundo a família, os dois se conheciam há anos. No começo, os empréstimos eram de valores baixos, mas com o tempo as quantias aumentaram. Leonardo chegou a fazer um empréstimo no valor de R$ 10 mil no cartão da própria mãe para atender um pedido do suposto amigo.

“Ele nunca fez nada de errado. Era da rua pra casa, da casa pro trabalho. Só saía pra restaurante. Esse amigo surgiu como uma ilusão de que a gente ia mudar de vida, e isso nunca aconteceu. Ele roubou a gente”, desabafou a esposa.

Stefania afirma que a família passou meses acreditando que receberia o dinheiro. Eles se organizavam com base nas promessas do suspeito. “Toda semana ele dizia uma data diferente. No fim, marcou para o dia 7. Disse que era impossível transferir porque o valor era alto demais, que teria que ser em espécie. Disse que clientes iam buscar. E a gente só queria receber o que era nosso.”

A SUPOSTA EMBOSCADA

No dia do assassinato, o casal ficou esperando até que o suspeito enviasse a localização. Stefania conta que Leonardo recebeu áudios ameaçadores de Alexandre pouco antes de sair de casa.

Mesmo desconfiada da demora, Stefania permaneceu no ponto combinado. Quando decidiu procurar o marido, já o encontrou no chão, cercado de curiosos. “Ele não queria que eu fosse. Pedi pra ele ficar em ligação comigo. Quando desconfiei da demora, fui atrás. Quando cheguei, ele já tava no chão. Meu marido foi iludido. Ele confiava demais nesse homem.”

A mãe da vítima também acusou Alexandre de ter armado uma emboscada. “Ele mandou matar meu filho. Levou pro ‘cheiro do queijo’”, disse, referindo-se ao local do crime como uma armadilha.

De acordo com a família, Alexandre parou de responder mensagens após o assassinato. “Liguei pra ele, perguntei o que ele tinha feito. Ele disse: ‘Tu tem uma filha’. Depois desligou o telefone”, relatou Stefania.

“A gente emprestava dinheiro só pra ele. Nunca pensamos que isso podia acontecer. Não é pressão, não é ameaça, é um crime. Um assassinato. Ele tirou a vida do Leonardo como se não fosse nada”, completou a viúva. Segundo Stefania, o valor emprestado para o suspeito era proveniente do trabalho do casal e de alguns recursos que ela havia conseguido com jogos online.

O corpo de Leonardo será enterrado no Hospital do Promorar, por volta das 10h da manhã. A Polícia Civil do Piauí investiga o caso e trabalha para localizar os envolvidos na execução.