DestaqueSociedade

Nove momentos de ‘Friends’ que nos fizeram rir e hoje nos escandalizam

‘Friends’ é a série cômica definitiva. Divertida, engenhosa, ‘cool’, geracional, juvenil… Que levante a mão quem não for seguidor dos rapazes e moças da cafeteria Central Perk. E mesmo quem não é fã de carteirinha certamente já deu uma olhada e esboçou um sorriso com alguma trama da sua extensa trajetória (1994-2004). Mas, puxa vida, certamente essa paixão nos impediu de enxergar algumas situações que nos fizeram rolar de rir quando vistas no seu contexto, mas hoje, à distância, desafinam demais. Esta reportagem visual não pretende desmerecer a série, e sim nos fazer refletir e constatar que às vezes a passagem do tempo não cai bem para a ficção televisiva.

Depois de vários papéis desimportantes e trabalhos precários, Joey se vê diante de uma grande oportunidade, uma vaga na telenovela ‘Os Dias da Nossa Vida’. O problema é que, para conseguir o papel, ele precisa ir para a cama com a diretora de elenco. Após muita hesitação, Joey se recusa, mas muda de ideia quando lhe oferecem um papel mais importante, o do médico Drake Ramoray. E seus amigos comemoram o papel dado a ele com vivas e aplausos.

Há vários momentos na série nos quais parece ser normal algo muito próximo do que hoje chamaríamos de assédio sexual; e, neste caso, executado por uma das protagonistas. É o que se vê no quarto episódio da quarta temporada, em que Phoebe tentar conter em vão os seus desejos de tocar em Rick, um de seus clientes de massagem, e acaba sendo despedida quando o faz; ou a trama em que Rachel se apaixona por Joshua, um de seus clientes na Bloomingdale’s e utiliza todo tipo de pretexto para apalpá-lo enquanto ele experimenta roupas.

A obesidade no passado de Monica é um recurso recorrente da série para zombar constantemente dela – e algo que a própria personagem assume com total normalidade. Nos ‘flashbacks’, a Monica gorda sempre aparece feliz, se divertindo – diferentemente da versão magra e irritadiça do presente da série. Só no oitavo capítulo da quinta temporada ficamos sabendo por que ela emagreceu: não por uma decisão própria, por gostar de si mesma, por saúde ou para se sentir melhor. O motivo é que, numa festa de Ação de Graças, ela ouve acidentalmente Chandler chamá-la de gorda, e se deprime. Por isso decide emagrecer, e sua brutal e brilhante represália no ano seguinte consiste em tentar seduzi-lo. Um plano ‘cheio de lógica’ e sem fissuras, sem dúvida.

‘Friends’ é a série cômica definitiva. Divertida, engenhosa, ‘cool’, geracional, juvenil… Que levante a mão quem não for seguidor dos rapazes e moças da cafeteria Central Perk. E mesmo quem não é fã de carteirinha certamente já deu uma olhada e esboçou um sorriso com alguma trama da sua extensa trajetória (1994-2004). Mas, puxa vida, certamente essa paixão nos impediu de enxergar algumas situações que nos fizeram rolar de rir quando vistas no seu contexto, mas hoje, à distância, desafinam demais. Esta reportagem visual não pretende desmerecer a série, e sim nos fazer refletir e constatar que às vezes a passagem do tempo não cai bem para a ficção televisiva.

A imagem que ‘Friends’ transmite dos transexuais por intermédio do pai de Chandler é, no mínimo, questionável. Durante toda a série, Chandler faz várias alusões a quanto o traumatizou o fato de seu pai ser transexual e ter tido um romance homossexual, bem como ter comparecido a eventos de sua faculdade vestido de mulher. Não há nenhuma tentativa de transmitir um tom de normalidade a essa realidade. Ao contrário. Nas últimas temporadas, fica claro que Chandler está há anos sem falar com o pai e não tem nem sequer a intenção de lhe contar que irá se casar e de convidá-lo para o casamento, até que Mônica o convence a fazê-lo.

O personagem de Bobby ‘o Engraçado’, interpretado por Vincent Ventresca, aparece no 10º. capítulo da primeira temporada de ‘Friends’, quando Monica o convida para sua festa de Réveillon. Mas o momento ao qual nos referimos ocorre na segunda temporada, quando a protagonista volta a sair com ele. Monica descobre que Bobby é alcoólatra e, embora inicialmente o ajude a deixar a bebida, muda de ideia quando percebe que ele não é tão engraçado assim quando está sóbrio. Por isso, se dedica a embebedá-lo quando estão juntos, para suportar aquele a quem seus amigos agora chamam de ‘Bobby, o Chato Demais’. Conclusão: Monica faz justamente o contrário do que se deve fazer com um alcoólatra.

“Este sujeito vai ajudar você sem nenhum motivo aparente? (…) Parece que Mark está querendo um pouco de sexo…”. Esse é o raciocínio de Ross quando Rachel lhe conta que um desconhecido, ao saber que ela está em busca de um emprego no mundo da moda, se ofereceu para interceder em seu favor na empresa onde ele trabalha e que está com uma vaga em aberto. Quando Mark consegue que ela seja entrevistada, Ross mantém uma conversa histérica com Monica, irritado com o fato de que namorada irá almoçar com um sujeito atraente que só se interessa em tê-la para si. Monica age como uma espécie de voz da razão, e o acusa de imaturidade e de desconfiar de sua namorada, que está diante de uma grande oportunidade de trabalho. Quem assistiu a toda a série sabe que o ciúme obsessivo de Ross em relação à ligação de Rachel com Mark estava, aqui, apenas começando.


No sexto capítulo da nona temporada, Ross e Rachel enlouquecem tentando encontrar uma boa babá para sua filha Emma. Acabam achando…. mas é um homem. Algo que Ross não aceita muito bem: “Que tipo de trabalho é esse para um homem?”, chega a perguntar ele a Rachel. Além disso, Sandy, o cuidador, interpretado por Freddie Prinze Jr., é “sensível demais” para o gosto de Ross, que se sente incômodo. Quando Ross lhe pergunta se é gay – o que na série parece ser normalíssimo numa entrevista de emprego –, Sandy se justifica deixando claro que não é homossexual e que na verdade está noivo. Quando finalmente é contratado, o rapaz se emociona, e Ross provoca: “No mínimo é bissexual”. Uma combinação que chama a atenção numa série desde o começo tratava como algo normal o casamento entre duas mulheres, mas que, ao longo das suas 10 temporadas, contém inúmeras piadas homofóbicas. Se ainda restavam dúvidas, Sandy acaba sendo demitido.


Embora na grande maioria das tramas da série a relação entre as protagonistas –Rachel, Monica e Phoebe— seja de uma amizade saudável entre mulheres, há alguns exemplos de como, especialmente em situações em que há homens envolvidos, a tendência é de se esboçar uma imagem de mulheres que brigam entre si. Um exemplo nítido aparece no último episódio da terceira temporada, em que Rachel convence Bonnie –namorada de Ross na ocasião e amiga de Phoebe—a raspar a cabeça, numa tentativa de levar Ross a romper com a moça e voltar para ela. Sabemos que naquela época (a terceira temporada de ‘Fiends’ foi lançada nos EUA em 1997), a questão da ‘sororidade’ (solidariedade entre mulheres no contexto de uma sociedade patriarcal) não estava tão presente como hoje, mas é inevitável que, passados 20 anos, esse tipo de comportamento nos incomode.

Dentre as inúmeras entrevistas de trabalho surreais exibidas em ‘Friends’, aquela que muito provavelmente estaria em primeiro lugar é a que Rachel faz com Tag. Depois de ser promovida na Ralph Lauren, Rachel é obrigada a contratar um assistente e começa a fazer entrevistas. Após ouvir uma mulher chamada Hilda, dona de um currículo impecável, aparece na sua porta um jovem atraente de nome Tag cuja experiência era ter passado três anos como pintor de casas e dois como garçom. A fim de apimentar a entrevista, Rachel tira duas fotos dele: uma do rosto e outra de corpo inteiro, “para o arquivo do RH”, mas que obviamente fica com ela. Ao final, acaba por contratá-lo e passa vários episódios tentando transar com ele e dizendo ao mesmo tempo a todos os outros colegas que ele era gay.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *