O fenômeno Rony: entenda como atacante passou a decidir jogos com frequência no Palmeiras
Depois de um início conturbado no Palmeiras, o atacante Rony se consolida como o principal nome do ataque comandado por Abel Ferreira. De criticado, passou a decidir jogos com frequência e ganhar apelidos: “Cristiano Ronyelson”, “homem Libertadores”… Mas quais motivos levaram Rony a ter esse destaque?
O ge pediu a ajuda de Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, e de Casagrande, ex-atacante da seleção brasileira e comentarista da Globo, para entender como o camisa 7 do Palmeiras passou de questionado a indispensável.
O “hype” em cima de Rony pode ser percebido a cada jogo do Palmeiras, ou olhando apenas os números do atacante na Libertadores. Em 15 jogos pela competição, somando as edições de 2020 e 2021, são nove gols e nove assistências. Veja abaixo os números detalhados de Rony no Verdão:
Números de Rony pelo Palmeiras
Jogos | Gols | Média de gols | Assistências | Minutos em campo (aprox.) | |
Paulista 2021 | 4 | 1 | 0,33 | 1 | 222 |
Libertadores 2021 | 4 | 4 | 1 | 1 | 347 |
Mundial 2021 | 2 | 0 | — | 0 | 180 |
Recopa Sul-Americana 2021 | 2 | 1 | 0,5 | 1 | 210 |
Supercopa 2021 | 1 | 0 | — | 1 | 90 |
Libertadores 2020 | 11 | 5 | 0,45 | 8 | 853 |
Copa do Brasil 2020 | 7 | 1 | 0,14 | 1 | 554 |
Brasileiro 2020 | 23 | 5 | 0,21 | 1 | 1.292 |
Paulista 2020 | 9 | 0 | — | 0 | 430 |
Total | 60 | 16 | 0,28 | 14 | 4.065 |
Analisando os números dos 60 jogos de Rony pelo Palmeiras, é possível notar um equilíbrio entre gols e assistências. O atacante faz um gol a cada 3,8 jogos e dá uma assistência a cada 4,3 partidas. Na Libertadores, claro, esse número é melhor.
Mas para absorver as estatísticas de Rony, é necessário entender o contexto desde que ele chegou ao Palmeiras, quando Vanderlei Luxemburgo era o treinador. Na época, Luxa utilizou o camisa 7 mais pelo lado direito do campo. Com o ex-treinador e a pressão da torcida, ele não fez gols.
– Rony chegou do Athletico como um típico ponta, aquele jogador que fica aberto, recebe o passe e tem que partir para cima de um defensor, normalmente o lateral. Na passagem de Luxa, Rony mostrou bastante iniciativa: recebia o passe e ia para frente. Mas acabava perdendo muitas jogadas, até pela dificuldade de criação do Palmeiras – explica Leonardo Miranda.
Depois da chegada de Abel Ferreira, Rony conseguiu desencantar e passou a ser o curinga do técnico português no ataque. O camisa 7 virou ponta-esquerda, ponta-direita, segundo-atacante e até mesmo centroavante. Mas foi mais próximo ao gol que Rony se destacou.
– Abel logo percebeu que ele poderia jogar mais perto dos zagueiros adversários. Assim, aproveitaria a coragem de ir para cima, mas agora mais próximo do gol adversário. E como é veloz, se começasse a correr antes da defesa adversária, teria espaço para finalizar com mais calma – completa Leonardo.
Leonardo Miranda destaca a mudança de posicionamento do atacante, usando como exemplo um lance da vitória por 3 a 0 contra o Libertad, no Allianz Parque. Veja nas imagens abaixo:
– Quando Raphael Veiga dá o passe, Rony já está posicionado num espaço livre. E como é rápido, o zagueiro – que tende a ser menos veloz – não conseguiria alcançá-lo. Esse movimento tem um nome: infiltração. É o movimento que o jogador faz quando não tem a bola para dar uma opção de passe à frente ao companheiro – explica o jornalista.
Analisando as escalações dos 60 jogos de Rony pelo Palmeiras (tendo em conta que dentro de um jogo ocorrem diversas mudanças de posicionamento), vemos que o aproveitamento do Verdão foi maior quando ele começou atuando como ponta-esquerda ou segundo atacante.
O aproveitamento de gols e assistências de Rony, porém, é maior jogando como centroavante e segundo atacante. Confira o comparativo:
Como Rony se sai em cada posição que já atuou?
Jogos | Gols | Média de gols | Assistências | Aproveitamento do Palmeiras | |
Ponta-direita | 19 | 4 | 0,21 | 2 | 71,9% |
Ponta-esquerda | 12 | 1 | 0,08 | 4 | 75% |
Segundo atacante | 9 | 5 | 0,62 | 2 | 74% |
Centroavante | 7 | 5 | 0,71 | 4 | 66,6% |
Começando no banco | 14 | 2 | 0,14 | 1 | 57,1% |
Casagrande, ex-jogador, vê como coincidência o fato de Rony ter mais gols na Libertadores, já que o atacante tem decidido em todas as competições. Para o comentarista, o atacante evoluiu ao lado de Abel Ferreira.
– Tem todo o mérito do Abel. Ele começou a conhecer seu elenco e viu a possibilidade de usar um jogador, que foi comprado por determinada característica, em outra função. O Rony como segundo atacante no 3-5-2 ao lado do Luiz Adriano ou ele aberto na esquerda com três atacantes. A fase é boa, e o Abel percebeu que ele pode fazer outras funções – comentou Casão.
– O Rony cresceu nas mãos de Abel Ferreira – afirma Casagrande.
Três zagueiros e dupla com Luiz Adriano
Jogando ao lado de Luiz Adriano, Rony deixou para trás o estigma de fazer poucos gols, que acompanhava o jogador desde seu começo no clube. Na Libertadores, sob o comando de Abel Ferreira, Rony atuou uma vez como ponta-esquerda, três como centroavante e seis como segundo atacante.
Na competição internacional, o atacante precisa de um jogo e meio para marcar um gol ou dar uma assistência. Leonardo Miranda também fala da importância do time no crescimento de Rony. Com Abel, o Palmeiras joga de maneira mais direta e rápida.
– O Luiz Adriano faz jus ao número da camisa e cada vez mais sai da área e cria jogadas, quase que como um camisa 10. E Rony aproveita e faz uma espécie de troca: quando Luiz recua, Rony fica entre os zagueiros para receber como um típico 9, sempre em velocidade. O gol contra o Defensa y Justicia é um exemplo, além do tento contra o Bragantino no Paulistão – comenta o jornalista.
Fonte: GE