Papa Francisco morre aos 88 anos e será sepultado sob novo rito simplificado que ele próprio reformou
O papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos, será sepultado conforme o novo rito que ele mesmo instituiu em novembro do ano passado, com mudanças significativas nos funerais papais. A reforma, registrada na segunda edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis — livro litúrgico que orienta os funerais dos pontífices —, representa um marco na forma como a Igreja Católica se despede de seus líderes espirituais.
Entre as principais alterações está a eliminação da tradição dos três caixões — de cipreste, chumbo e carvalho — e o abandono do uso do catafalco, da insígnia papal e do título de “Romano Pontífice”. Em vez disso, Francisco optou por expressões mais simples, como “Bispo de Roma” e “Pastor”, reforçando sua visão de que o papa é, antes de tudo, um servidor e discípulo de Cristo, e não uma figura de poder ou chefe de Estado.
Segundo o arcebispo Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, a atualização do rito foi feita a pedido do próprio papa, que desejava que as exéquias expressassem com mais clareza a fé cristã na ressurreição e a simplicidade do chamado ao serviço pastoral.
Outra mudança simbólica e significativa é a escolha do local de sepultamento. Francisco será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — local de profunda devoção para ele — rompendo com a tradição de séculos de sepultamentos na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O rito mantido divide-se em três estações, mas com importantes adaptações. Na primeira, a constatação da morte será feita na capela privada do papa, não mais no quarto onde ele faleceu. O corpo será colocado diretamente em um único caixão de madeira com interior de zinco, sem ser transferido previamente à capela do Palácio Apostólico, já que Francisco residia na Casa Santa Marta.
Na segunda estação, o caixão será lacrado na véspera da missa fúnebre e o corpo será exposto à veneração dos fiéis diretamente na Basílica Vaticana, sem o uso da plataforma elevada (catafalco) e sem o báculo papal.
A missa fúnebre será celebrada em data a ser definida por uma reunião plenária de cardeais, e deverá acontecer na Praça de São Pedro, como foi nos funerais de Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.
Por fim, na terceira estação, o sepultamento será realizado segundo o modelo reservado aos bispos, com linguagem e simbologia mais modestas. Assim, Francisco fará sua última jornada de acordo com os princípios que nortearam seu pontificado: humildade, serviço e fé profunda.