PF investiga fraude milionária no INSS com uso de identidades falsas no Piauí
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A Polícia Federal realizou, nesta quinta-feira (06), a segunda fase da Operação Melhor Idade, visando desarticular uma quadrilha especializada em fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação ocorreu nos estados do Piauí, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal, tendo como alvos idosos suspeitos de emprestar suas impressões digitais e fotografias para a obtenção de benefícios previdenciários de forma irregular.
Alguns dos investigados tiveram suas características usadas para a emissão de mais de 30 identidades falsas. Ao todo, foram cumpridos 16 mandados contra os envolvidos. No Piauí, as buscas ocorreram nas cidades de Pedro II (01 mandado) e Piripiri (06 mandados), sem registro de prisões no estado.
Fraude milionária no INSS
O esquema criminoso envolvia a falsificação de documentos como certidões de nascimento, carteiras de identidade (RG), títulos eleitorais e CPFs, criando identidades fictícias de supostos idosos com mais de 65 anos, idade mínima para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS – Idoso).
A Polícia Federal identificou 21 “idosos de aluguel”, que retiraram cerca de 285 CPFs e Títulos Eleitorais com identidades falsas. Utilizando esses documentos fraudulentos, mas contendo biometria verdadeira (face e digital), a quadrilha conseguiu abrir contas bancárias, ingressar no Cadastro Único do Governo Federal e obter aproximadamente 259 benefícios do BPC, cada um no valor de um salário mínimo mensal.
Além disso, os fraudadores utilizaram a margem consignável desses benefícios para solicitar empréstimos consignados, ampliando ainda mais o prejuízo. A estimativa é que o esquema tenha causado um rombo de R$ 23 milhões aos cofres públicos, enquanto a operação impediu perdas futuras de R$ 35 milhões.
Primeira fase da operação e continuidade das investigações
A primeira fase da Operação Melhor Idade ocorreu em 23 de janeiro, quando a Justiça Federal decretou diversas medidas cautelares, incluindo busca e apreensão, cancelamento de CPFs, bloqueio de contas bancárias, suspensão de benefícios irregulares, sequestro de bens e prisões.
Na ocasião, três investigados foram presos, e foram apreendidos celulares, mídias, documentos falsos, cartões de benefícios, extratos bancários e anotações que reforçaram as provas coletadas. A análise dos materiais permitiu identificar uma organização criminosa bem estruturada, operando em diferentes níveis, responsável pela falsificação de documentos públicos, abertura de contas bancárias e obtenção de benefícios irregulares.
As investigações também apontaram indícios de lavagem de dinheiro, com os suspeitos adquirindo bens e realizando movimentações financeiras incompatíveis com sua renda declarada. Além disso, mesmo após as ações da primeira fase, o grupo continuou sacando benefícios irregulares, o que motivou a deflagração da segunda fase da operação nesta quinta-feira.
A Polícia Federal segue com as investigações para identificar outros envolvidos e evitar novos prejuízos ao sistema previdenciário.