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Possessividade e medo são revelados no julgamento da morte de Camilla Abreu; assista

A amiga de Camilla Abreu, Luana Regina, prestou depoimento do julgamento do ex-capitão Allisson Wattson da Silva Nascimento e confirmou o sentimento de posse e medo por parte da estudante Camila Abreu, que foi vítima de Feminicídio em 2017. A sessão ocorre no Tribual do Júri do Fórum Criminal de Teresina. Em sua fala bastante abalada e aos prantos em certos momentos, Luana relata os momentos vividos antes do crime, quando esteve com a vítima e o ex-policial em um bar na capital e o comportamento da amiga no final do relacionamento com Allisson Wattson.

Assista a transmissão do Júri aqui

“Saímos do estabelecimento, fomos até o carro do acusado e lá eles foram me deixar em casa. Eu percebi receio da vítima, percebi um certo receio quando eles foram me deixar em casa e depois nunca mais vi a Camilla”, contou Luana em seu depoimento.

Ainda em seu relato, a testemunha disse que a família de Camilla já não aceitava mais o relacionamento e que a relação se tornou abusiva.

“No começo o relacionamento era saudável e do meio por fim muito abusivo, psicologicamente e fisicamente. Ela relatava beliscões, puxões de cabelo. No final da relação ela começou a se distanciar da família e a ter medo do Allisson. A família não aceitava mais o relacionamento do meio para o fim”, relatou a testemunha.

Durante o depoimento de Luana Regina, a sessão foi marcada por diversas interrupções entre os advogados de defesa e promotoria. O advogado de Allisson Wattson, Franciso da Silva destacou sobre os depoimentos anteriores feitos por Luana Regina, alegando que a testemunha faltou com a verdade em determinados pontos. A promotoria rebateu afirmando que a testemunha está relatando apenas o que ela viu e presenciou, pedindo mais respeito da defesa. 

A segunda testemunha ouvida pelo Júri é Marcelo da Silva, o lavador de carro que realizou a limpeza do veículo do ex-policial no dia do crime. Em seu depoimento, Marcelo da Silva ressalta que o carro do acusado possuía bastante sangue e que não conseguiu realizar a limpeza completa.

“Ele chegou por volta das 16h da tarde no seu carro. Dentro tinha muito sangue, o encosto do banco da vítima já não estava, tinha muito sangue em baixo do banco da vítima e ele pediu pra eu limpar. Ele me pagou e a gente limpou, mas não conseguimos limpar tudo e mandamos para o posto do lado”, conta o lavador.

Questionado pela promotoria, a testemunha relatou que chegou a perguntar a Allisson Wattson o motivo de ter tanto sangue dentro do veículo e o acusado informou que tinha socorrido duas pessoas. 

“A gente perguntou o porque daquele sangue e ele disse que tinha socorrido duas pessoas na estrada e que tinha levado para o hospital”, relatou a testemunha.

Em seguida, o proprietário do lava-jato que atendeu o ex-capital da Polícia Militar foi a terceira pessoa a depor. 

Atualizada às 10h30

Em meio a bate-boca, choros e confronto ocorre neste momento o julgamento do ex-capitão Allisson Wattson da Silva Nascimento no Tribunal do Júri. O ex-capitão é réu no assassinato da estudante Camilla Abreu. O advogado Francisco da Silva, que defende o ex-policial e o promotor Benigno Filho discutem no julgamento.

A juíza Rita de Cássia chegou a ameaçar suspender o julgamento. A amiga íntima, Luana, chora a todo instante durante questionamento do advogado de defesa. 

Devido as restrições adotadas pelo Tribunal de Justiça do Piauí em razão da pandemia, os familiares de Camilla Abreu não devem ter acesso presencial a sessão de julgamento. A família esteve presente na frente do Fórum Cível e Criminal de Teresina para protestar por justiça e  deve acompanhar a transmissão do júri pelas redes sociais

Atualizada às 9h50

Após ser adiado pela defesa, o julgamento do ex-capitão da Polícia Militar do Piauí, Allisson Wattson da Silva Nascimento acontece nesta sexta-feira (24), no Fórum Criminal de Teresina. Allisson Wattson é acusado de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual pelo caso envolvendo a estudante Camilla Pereira de Abreu.

O pai de Camilla, Jean Abreu, contou que a expectativa da família é de que Alisson Wattson seja condenado com pena máxima. “Esperamos que ele seja julgado ainda hoje e seja condenado, que pague pelo crime que cometeu. O que a gente quer é a pena máxima”, disse.

A tia de Camilla também esteve presente e lamentou não poder acompanhar o julgamento no loca. “Estamos aqui do lado de fora, nessa luta que se arrasta por alguns anos, e esperamos que acabe hoje. É uma vida muito difícil, a família adoeceu, com uma vida de tristeza e angústia, mas também de boas lembranças, porque Camilla era uma pessoa maravilhosa, que eu considerava como filha. Mas é uma dor imensurável, não desejo que ninguém passe por isso”, disse a tia.

Ela acrescentou que a pena máxima ainda é insuficiente. “Que ele receba a pena máxima, que ainda é pouco diante do crime que ele cometeu. Eu preferia que a Camilla estivesse com a gente porque nos faz muita falta”, desabafou. 

O caso

A estudante Camilla Pereira de Abreu foi vítima de feminicídio em 2017. Assassinada com um tiro de pistola pelo então namorado, ela ainda teve o corpo ocultado em um matagal.

A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontou que, para dificultar a elucidação do caso, o acusado trocou o banco do próprio carro. Na época, o Allisson Wattson, que está preso, confessou que cometeu o crime por ciúmes, mas disse que o disparo teria sido acidental. 

O caso teve grande repercussão em todo o estado do Piauí. 

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