Presidente da FMS rebate alegações do Hospital São Marcos e defende auditoria para garantir transparência
O presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Charles Silveira, contestou as declarações da direção do Hospital São Marcos sobre um suposto atraso de 19 meses nos repasses contratuais da Prefeitura de Teresina. Segundo o gestor, somente entre 1º de janeiro e 11 de abril de 2025, o hospital filantrópico teria recebido mais de R$ 32 milhões.
“O diretor disse que recebeu apenas R$ 19 milhões. Acho que ele precisa verificar os extratos bancários do seu hospital. Foram feitos descontos da ordem de R$ 7,4 milhões, e, líquidos, foram mais de R$ 24 milhões. Tenho o relatório com as confirmações bancárias”, afirmou Charles Silveira. Segundo ele, os valores descontados se referem a empréstimos bancários garantidos pela produção SUS do hospital, abatidos automaticamente a cada mês.
Apesar de negar qualquer conflito direto com a direção da unidade, o presidente da FMS afirmou que ingressou com uma ação civil pública para impedir a suspensão dos atendimentos oncológicos. “Não há contrato privado. Existe um contrato público de um serviço continuado, que precisa continuar sendo executado”, enfatizou.
Atendimentos e dados
Durante coletiva, Charles Silveira destacou que, embora o Hospital São Marcos seja referência em oncologia no estado, a maior parte dos pacientes atendidos é oriunda de outras cidades do Piauí ou mesmo de estados vizinhos.
“Apenas 31% dos pacientes ambulatoriais oncológicos são de Teresina, e 0,4% do Maranhão. Já nos atendimentos hospitalares, 39% são da capital, 60% do interior e 0,23% do Maranhão”, detalhou. Ele também ressaltou os benefícios fiscais concedidos à instituição: de janeiro a março, foram R$ 2,1 milhões em renúncias do município e R$ 5,7 milhões da União.
Caminhos para a solução
Charles Silveira reforçou que o município não possui condições de arcar sozinho com os custos do tratamento oncológico prestado pelo Hospital São Marcos, que, segundo ele, é responsável por cerca de 90% da demanda no estado. Uma das alternativas apontadas seria a realização de uma auditoria completa na unidade, com participação do Ministério da Saúde e do Governo do Estado.
“Queremos uma auditoria operacional, que verifique como o hospital está funcionando nas áreas médica, financeira e orçamentária. Não se trata de desconfiança, mas de responsabilidade. Precisamos ter clareza para definir os próximos passos com segurança”, afirmou.
O gestor também levantou a possibilidade de uma nova contratualização, nos moldes do que já acontece com o Hospital Universitário. “Acreditamos que uma solução definitiva virá por meio de um contrato direto entre o Ministério da Saúde e o Hospital São Marcos, garantindo a continuidade e estabilidade dos atendimentos”, concluiu.
Enquanto o impasse entre o poder público e o hospital filantrópico continua, mais de mil pacientes seguem com seus tratamentos interrompidos, aguardando uma definição que assegure o direito à saúde e à vida.