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Sílvio Mendes declara que dívida da Prefeitura de Teresina é de R$ 3 bilhões

O prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil), afirmou nesta quarta-feira (7) que a dívida da Prefeitura é três vezes maior do que a estimativa divulgada no início da semana. Segundo ele, um novo levantamento do setor financeiro aponta um passivo de aproximadamente R$ 3 bilhões — valor que representa quase metade do orçamento total do município, estimado em R$ 6,4 bilhões.

O levantamento identificou mais de 3.770 contratos, que serão encaminhados ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) para análise. Sílvio Mendes detalhou os principais compromissos financeiros deixados pela gestão anterior, destacando que a situação é mais grave do que se imaginava.

“Veja só a soma do que me chegou aqui. E tem mais coisas ainda pendentes. A Prefeitura de Teresina está devendo aproximadamente R$ 3 bilhões. Eu tinha dito um pouco mais de R$ 1 bilhão. Mas fui atrás, já que houve politização do tema. Estão dizendo que vou ser convocado pela Câmara. Eu não tenho nada a temer, seja como cidadão ou como gestor público”, afirmou o prefeito.

Principais dívidas da Prefeitura de Teresina:

  • R$ 480 milhões em restos a pagar (contratos executados e não quitados);

  • R$ 280 milhões em consignações usadas e não pagas;

  • R$ 212 milhões com empresas terceirizadas (valores judicializados);

  • R$ 110 milhões da Fundação Municipal de Saúde (dívidas com medicamentos e insumos de 2023);

  • R$ 570 milhões em dois empréstimos com o Banco do Brasil;

  • R$ 100 milhões de empréstimo com o Banco de Brasília (BRB);

  • R$ 275 milhões de empréstimos com a Caixa Econômica Federal;

  • R$ 123 milhões com o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina);

  • R$ 202 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);

  • R$ 502 milhões em repasses ao IPMT (Instituto de Previdência dos Servidores);

  • R$ 8 milhões em FGTS;

  • R$ 4 milhões em INSS.

Segundo o prefeito, já estão em curso negociações com os bancos credores, especialmente com o Banco do Brasil. Ele alertou para o impacto financeiro desses compromissos. “A dívida com o Banco do Brasil custa R$ 32 milhões por mês. Isso representa quase R$ 500 milhões por ano. Quase meio bilhão. O que foi feito com esse dinheiro? Quais obras foram realizadas? Isso precisa ser investigado”, declarou.

Contratos informais e denúncias de irregularidades

O prefeito também relatou casos de contratos informais, como o de uma pequena empreiteira que teria realizado obras de asfaltamento sem contrato formal ou empenho. “Tem uma senhora, dona Toinha, que veio falar comigo sobre um serviço de R$ 500 mil em asfalto feito na Zona Sul. Mas não há papel, não tem empenho. E eu disse: a senhora foi enganada. Infelizmente não posso pagar”, afirmou Mendes.

Medidas emergenciais

Diante da situação financeira crítica, o prefeito informou que todas as nomeações estão suspensas e que haverá contenção de gastos com pessoal e serviços terceirizados. Ele revelou que já extinguiu cinco secretarias no início da gestão, mas não descarta novas medidas administrativas.

“Está se mostrando que não foi suficiente. Se for necessário desativar mais secretarias, será feito. Precisamos recuperar o prestígio da Prefeitura e respeitar quem fornece. A diferença entre o setor público e o privado é que a Prefeitura pode dever e continuar aberta, mas uma empresa quebra, gera desemprego e sofrimento”, completou.

Resposta de Dr. Pessoa

O ex-prefeito Dr. Pessoa (PRD) reagiu às declarações do atual gestor e cobrou provas. “Eles me detonam antes, durante e agora novamente. Que ele mostre os documentos. Não vamos fugir da luta. Ele sabe quem sou e conhece minha história”, afirmou.

A assessoria jurídica de Dr. Pessoa informou que não há parecer da Controladoria Geral do Município sobre as denúncias e que todas as obras executadas durante sua gestão seguiram os trâmites legais, com licitação e publicação no Diário Oficial. O ex-prefeito também se colocou à disposição do Ministério Público e do TCE para esclarecimentos.