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Morre aos 101 anos o jurista Celso Barros Coelho em Teresina

Ícone do meio jurídico e políticoCelso Barros Coelho morreu nesta segunda-feira, 10 de julho, aos 101 anos.

Referência na defesa da democracia havia feito aniversário em maio. Com uma vida ilibada, o jurista deixa uma trajetória repleta de memórias, de luta, de engajamento, uma voz que entoa na garantia do Direito, do amplo acesso à Justiça.

Até mesmo quando tentaram calá-lo durante o período ditatorial, Celso Barros não se furtou da sua missão, e mesmo perseguido manteve-se coerente, correto, e com uma postura ética e moral admirável.

Maranhense de Pastos Bons, mas piauiense ‘de coração’, Celso Barros Coelho construiu uma longa e bem-sucedida carreira. Foi deputado federal pelo Piauí, professor da Universidade Federal do Piauí e presidente por cinco mandatos da Ordem dos Advogados do Brasil.

Durante o seu centenário, em entrevista ao jornalista Lucrécio Arrais, o jurista discorreu sobre sua inserção no processo democrático brasileiro, alavancando a importância de defendê-la na promoção do bem comum. “A democracia é o caminho que leva ao conhecimento da realidade brasileira. O Brasil é um país que sempre defendeu a democracia, mesmo na ditadura militar e na ditadura civil, momentos difíceis. Sempre nos mantivemos inseridos no processo democrático para realizar o bem comum, a justiça e a paz”, disse  ao Jornal Meio Norte.

Uma voz pela cidadania

Celso Barros Coelho Neto calcou sua história como uma verdadeiro bastião da cidadania; em seu artigo o advogado Álvaro Fernando Mota, destaca ainda a contribuição dada pelo jurista na formação de novos profissionais, difundindo seus ideais pelas novas gerações. Aliás, até os dias atuais ele difunde, é uma voz que se amplifica.

“Celso Barros fez-se advogado no Piauí e tornou-se ele mesmo um semeador de novos profissionais, fazendo-se professor, ao mesmo tempo em que mantinha uma atividade profissional profícua, sem nunca descuidar de afazeres para com sua categoria profissional, tampouco de manter uma postura proativa em favor da cidadania”, escreveu.

Tal vinculação se dá, inclusive, pela linha do tempo construída na carreira de Celso Barros, sendo que ele prestou assessoramento jurídico na elaboração de três Constituições estaduais (Piauí, Maranhão e Tocantins); além disso, foi assessor jurídico do Ministério da Educação e possui um longo currículo reconhecido nacionalmente, além de dezenas de obras publicadas, tanto na área literária, como filosófica e jurídica.

O advogado era avó do atual presidente da OAB-PICelso Barros Coelho Neto, e pai da também advogada Karine Barros Canabrava,do juiz Celso Barros Filho, Maria Eugênia Coelho Santana, que é procuradora do estado e ainda do procurador José Newton Freitas Coelho que também é professor da UFPI.

Na Câmara, Celso Barros apresentou projetos de interesses nacionais.

 

Atuação política

Sua capacidade de falar e expressar-se com desenvoltura o levou à política. Em 1964, teve seu mandato cassado pela Assembleia Legislativa, por imposição da ditadura militar implantada no país. Ficou afastado da atividade política por 10 anos. Em 1974, elegeu-se deputado federal (1975-1979). No pleito seguinte, 1978, foi ainda o candidato a deputado federal mais votado, mas não foi diplomado. Ocupou, novamente, a Câmara Federal no período de 1983-1987.

Respaldado pela exuberante cultura jurídica e privilegiada inteligência, teve no parlamento nacional, uma atuação das mais significativas e marcantes, apresentando projetos de magnos interesses nacionais.

O deputado Celso Barros era uma figura sempre em evidência, participando dos grandes debates de temas nacionais. Foi um dos relatores do atual Código Civil, a convite de Tancredo Neves, colega de Parlamento, entre tantas outras contribuições.

Com essa lindíssima trajetória, Celso Barros perpetuou seus valores de geração a geração.

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