Cuidado com os olhos desde cedo: quando considerar lentes de contato para crianças?
Em alguns casos, oftalmologistas podem recomendar o uso de lentes de contato já na infância — inclusive para bebês. Entenda quando essa alternativa pode ser adotada e quais cuidados são necessários
Embora menos comum, o uso de lentes de contato por crianças é uma possibilidade real e, em alguns casos, recomendada. A decisão, no entanto, depende de uma avaliação oftalmológica criteriosa, que leve em conta tanto as condições clínicas quanto a maturidade da criança para lidar com a rotina de uso e higiene.
Há casos, inclusive, em que bebês também utilizam lentes de contato, especialmente em situações que envolvem catarata congênita ou outras condições que demandam intervenção precoce. Nessas situações, as lentes são adaptadas para promover o desenvolvimento da visão nos primeiros anos de vida, etapa fundamental para a saúde ocular futura.
Segundo Benedita Reis, médica oftalmologista do Vilar Hospital de Olhos, não existe uma idade fixa para o uso das lentes. “O que vai definir se a criança pode utilizá-las é a responsabilidade para manuseá-las corretamente, sempre com supervisão, além da presença de determinadas condições que tornam o uso adequado”, afirma.
Quando as lentes entram em cena
Entre os principais cenários em que as lentes podem ser consideradas, estão:
• Miopia progressiva, especialmente com uso de lentes específicas para esse fim, como as MiSight;
• Alto grau de ametropia (miopia, hipermetropia, astigmatismo), quando os óculos se tornam desconfortáveis ou limitam o campo visual;
• Anisometropia, que é a diferença significativa de grau entre os olhos;
• Condições oculares especiais, como ceratocone, afacia (ausência do cristalino), nistagmo, entre outras;
• Prática esportiva, quando o uso de óculos pode ser inseguro;
• Questões psicossociais, como o desconforto emocional de algumas crianças com o uso dos óculos.
Com orientação adequada, crianças a partir de 7 ou 8 anos já podem se adaptar às lentes com segurança. Vale dizer que há situações em que o uso não é recomendado como: falta de higiene ou responsabilidade no manuseio das lentes; infecções oculares frequentes; olhos secos ou com alterações anatômicas; alergias oculares intensas; e falta de acompanhamento oftalmológico regular. “O uso exige comprometimento da família e um acompanhamento contínuo com o oftalmologista. Só assim conseguimos garantir segurança e bons resultados”, reforça Benedita.
MiSight: tecnologia que ajuda a conter a miopia
As lentes MiSight 1 day têm se destacado como uma opção eficaz para crianças diagnosticadas com miopia progressiva. Indicadas a partir dos 7 anos, elas possuem uma tecnologia chamada ActivControl, que corrige a visão no centro da lente e atua na periferia para desacelerar o crescimento do globo ocular — principal causa da piora do quadro. De uso diário e descartável, as MiSight reduzem riscos de infecção e já apresentaram resultados expressivos: estudos indicam uma redução de até 59% na progressão da miopia com o uso contínuo. O Vilar Hospital de Olhos oferece esse modelo de lente, que pode ser indispensável para os tratamentos de crianças.
Importante reiterar que a saúde dos olhos na infância requer atenção redobrada — e, em alguns casos, alternativas além dos óculos. Com o suporte de profissionais especializados, as lentes de contato podem ser uma ferramenta segura e eficaz na rotina visual de algumas crianças.